A maioria (68%) dos brasileiros acredita que Dilma sofrerá o afastamento definitivo da presidência. O índice saltou de 39% em dezembro de 2015 para o patamar atual. Nesse meio tempo, o processo de impeachment avançou rápido no Congresso, com a Câmara dos Deputados aceitando o pedido de afastamento e o então vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), assumindo o cargo interinamente a partir de 12 de maio.
Os dados foram colhidos entre 29 de julho e 1º de agosto, com 1.500 entrevistas em 97 municípios, na pesquisa CartaCapital/Vox Populi.
O cenário muda, porém, quando o entrevistado é estimulado pela hipótese de Dilma Rousseff voltar e convocar novas eleições. Com isso, 50% tornam-se contrários ao processo de impedimento, ao passo que 38% mantiveram o apoio à saída da presidenta, mesmo neste cenário.
A pesquisa também revela que a maior parte dos brasileiros é a favor do afastamento da presidenta Dilma (57%), ante 37% dos que são contrários. Há uma resistência maior à hipótese do impeachment apenas na região Nordeste.
A adesão ao impeachment também prevalece quando segmenta-se a pergunta por gênero (62% dos homens são a favor, 52% das mulheres não), faixa etária (é apoiado por 58% dos jovens e adultos e 48% dos mais velhos), escolaridade (dizem sim ao impeachment 50% daqueles com Fundamental, 62% dos que cursaram o Médio e 65% daqueles com diploma universitário) e renda, cujo apoio varia entre 70% (mais de cinco salários mínimos) e 48% (até dois).
Há uma maior disparidade apenas no cruzamento regional dos dados colhidos. Nesse cenário, o Nordeste concentra a maior frente de oposição à retirada de Dilma Rousseff da presidência: apenas 35% são a favor. A maior rejeição está nos moradores da região Sul: só 25% se opõem ao afastamento, apoiado por 69%. No Sudeste, 64% são a favor do impeachment e 29% contra. Já no Centro-Oeste/Norte, 30% são contra e 65% a favor do afastamento.
Por outro lado, quando questionados se o impeachment seria a solução para o País, 73% dos entrevistados respondem negativamente – apenas 23% concordam que seria a melhor opção.
Novamente, a maior oposição ao impeachment está no Nordeste, base eleitoral histórica do PT: 78% dos nordestinos não acreditam que esse será o melhor desfecho para o Brasil.
A percepção de que a conclusão do processo de impeachment não resolveria os problemas do País é maioria em todas as segmentações exploradas pela pesquisa.