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Países sul-americanos oferecem ajuda ao Brasil para combater incêndios

Colômbia, Chile e Venezuela se colocam à disposição para unir esforços contra as chamas que devastam a Amazônia

Foto: Esio Mendes
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Depois de imagens dos incêndios florestais na Amazônia acenderem um alerta sobre as queimadas, alguns países sul-americanos ofereceram nesta quinta-feira 22 ajuda ao Brasil e à Bolívia no combate às chamas.

O primeiro a se manifestar foi o presidente da Colômbia, Iván Duque. “A tragédia ambiental na Amazônia não tem fronteiras e deve chamar a atenção de todos. Nós, do governo nacional, oferecemos aos países irmãos o nosso apoio para trabalhar conjuntamente em um propósito urgente: proteger o pulmão do mundo”, escreveu o mandatário no Twitter.

O gesto de Duque foi seguido pelo presidente do Chile, Sebastián Piñera, que afirmou ter conversado com seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, para expressar solidariedade diante da catástrofe.

“Ofereci a Bolsonaro a colaboração do Chile para ajudar esse país irmão e amigo a combater com mais eficácia e força os grandes incêndios florestais que afetam a Amazônia”, afirmou Piñera a jornalistas, acrescentando que fez a mesma proposta ao presidente boliviano, Evo Morales.

A Venezuela também ofereceu aos dois países sua “modesta ajuda” para combater “essa tragédia dolorosa”. Em um comunicado, o governo de Nicolás Maduro expressou preocupação com as queimadas.

“A Venezuela expressa sua profunda preocupação com os gigantescos e terríveis incêndios que assolam a Amazônia em territórios de vários países sul-americanos, com gravíssimos impactos sobre a população, os ecossistemas e a diversidade biológica”, destacou o Ministério do Exterior da Venezuela.

No texto, a Chancelaria venezuelana expressou solidariedade de maneira especial às comunidades indígenas e camponesas no Brasil, na Bolívia, no Paraguai, no Equador e no Peru, países que dividem a Amazônia com a Venezuela. Além disso, pediu consciência aos atores econômicos e institucionais dessas nações.

Já a Bolívia pediu ajuda ao Brasil e ao Paraguai para combater os incêndios na fronteira trinacional e informou que o fogo já devastou 744.711 hectares de florestas, pastagens e plantações na região da reserva de Chiquitanía. Seis aviões e cerca de 2.500 pessoas trabalham nos esforços para conter as chamas em território boliviano.

O ministro da Presidência e braço direito de Morales, Juan Ramón Quintana, disse, porém, que nenhum esforço será suficiente se o Paraguai e o Brasil não estiverem envolvidos na luta contra o fogo. “Não adianta controlarmos o incêndio em território nacional se o fogo não for controlado em territórios brasileiro e paraguaio”, acrescentou.

A Colômbia propôs ainda aos governos de Brasil, Bolívia, Equador e Peru um projeto de prevenção contra a catástrofe ambiental decorrente dos incêndios que se propagam pela Amazônia.

“Oferecemos a realização de um projeto conjunto entre Peru, Equador, Colômbia e Brasil para avançarmos na prevenção dos incêndios florestais na Amazônia e construirmos uma agenda conjunta para a mudança climática, o desmatamento e a degradação dessa região”, disse a jornalistas o ministro colombiano do Meio Ambiente, Ricardo José Lozano.

Para o projeto conjunto, a Colômbia “já tem bons resultados na luta contra o desmatamento”, disse o ministro. Segundo o governo colombiano, o país registrou 197.159 hectares desflorestados de matas naturais no ano passado, o que representa uma redução de 22.814 hectares a respeito dos 219.973 hectares de 2017.

Lozano explicou que a Colômbia atualmente implementa “a política preventiva nas florestas” para evitar que aconteça o mesmo que no Brasil.

As chamas destroem parte da floresta no Brasil e na Bolívia há duas semanas. Nos últimos dias, a fumaça dos incêndios florestais chegou até o Peru e a cidade de São Paulo. Diante o avanço do fogo, nesta quinta-feira, o Peru decretou estado de alerta nas fronteiras com o Brasil e a Bolívia. Mais de 200 guardas florestais e bombeiros estão monitorando as queimadas nos países vizinhos.

O alerta coincide com o anúncio de que a fumaça dos incêndios havia chegado ao Peru. A Defesa Civil do país afirmou que está analisando constantemente dados sobre as partículas de cinzas na atmosfera.

Ainda não há dados oficiais sobre a dimensão do estrago causado pelos incêndios. Estima-se, porém, que milhares de hectares estejam sendo consumidos pelo fogo nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os focos de fogo em todo o país neste ano superam em 83% a quantidade registrada no mesmo período em 2018.

A Amazônia representa 25% da superfície do continente e é a maior floresta tropical do mundo. A região possui 7,4 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a 5% da superfície total da Terra e a quase 25% do continente americano. Cerca de 60% desse território ficam em solo brasileiro. A Amazônia é compartilhada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

Bolsonaro envia exército

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (23) que estuda enviar o Exército para combater as queimadas na Amazônia por meio de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Segundo ele, a decisão será tomada ainda nesta manhã. “É uma tendência [determinar uma GLO. A tendência é essa, a gente fecha agora de manhã”, disse, ao deixar o Palácio da Alvorada.

De acordo com Bolsonaro,  houve uma reunião para tratar do assunto. “O que tiver ao nosso alcance nós faremos. O problema é recurso”, ressaltou.

Em despacho publicado ontem em edição extra do Diário Oficial da União, o presidente determina que todos os ministérios, de acordo com suas competências, adotem “medidas necessárias ao levantamento e combate a focos de incêndio na região da Amazônia Legal para a preservação e a defesa da Floresta Amazônica, patrimônio nacional”.

Realizadas exclusivamente por ordem expressa da Presidência da República, as missões de GLO ocorrem nos casos em que há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública. Nessas ações, as Forças Armadas agem por tempo limitado, com o objetivo de preservar a ordem pública, a integridade da população e garantir o funcionamento regular das instituições.

Com informações da Agência Brasil

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