Política

Pai de Mauro Cid teria usado estrutura e verba da Apex para participar de acampamento e trama golpista, diz site

General foi flagrado tentando vender as joias recebidas por Bolsonaro enquanto era presidente

Mauro Lourena Cid. Foto: Alesp
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O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, teria usado estrutura do escritório da Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, para apoiar articulações pró-golpe e participar do acampamento golpista em Brasília. A informação é do site UOL nesta terça-feira 2. 

O pai de Mauro Cid comandava o escritório da agência em Miami, que não é estatal, mas é financiada com dinheiro público, por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles foram contemporâneos na Academia Militar das Agulhas Negras em 1970 e se tornaram amigos desde então. 

Um vídeo obtido pelo site mostra o general Cid e o diretor da Apex de Miami, Michael Rinelli, no acampamento bolsonarista em frente ao quartel do Exército em Brasília, em 3 de dezembro de 2022. Registros oficiais apontam que os dois viajaram a Brasília custeados pela agência. Ao todo, a viagem teria custado aproximadamente 9.300 reais, sem contar com as passagens aéreas, que teriam sido faturadas por meio de contrato com uma empresa terceirizada. 

Na justificativa da viagem, o general afirma que ele e Rinelli participaram de um evento da Apex, com a presença de funcionários de diversos outros escritórios da agência. Não há qualquer menção ao acampamento, nem visita ao quartel do Exército em Brasília. 

Segundo a publicação, além de Rinelli e Cid, outro funcionário da Apex também esteve no local. Na ocasião, o general teria convidado a dupla para conhecer a área militar de Brasília, antes, circularam livremente pelo acampamento de onde partiram os golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro.

A viagem do general Cid, destaca o site, coincide com o período em que Jair Bolsonaro e seus aliados discutiam as minutas golpistas para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo pretendia utilizar os documentos, que continham decretos de Estado de Sítio e Defesa, para tentar dar legitimidade a um golpe de Estado. 

Articulação com outros militares

O pai do principal ajudante de ordens de Bolsonaro teria ainda usado computadores e celulares da Apex para debater detalhes da trama golpista com outros militares. O relato foi feito por um ex-funcionário da agência em Miami.  

Segundo diz o ex-integrante da Apex, o general afirmou em mais de uma ocasião que Lula não tomaria posse. Ele mostrava grupos de WhatsApp com outros fardados para embasar suas afirmações. Após o fim da sua gestão na agência, já no governo Lula, Mauro Lourena Cid esteve na sede da Apex para solicitar ajuda de funcionários para apagar os registros citados antes de entregar os aparelhos eletrônicos aos novos comandantes da Apex.

Ainda de acordo com o site, ele também usou a estrutura da Apex para uma reunião, com a presença de Mauro Cid, mesmo tendo sido desligado do cargo pela atual gestão.

Apesar dos registros, Mauro Lourena Cid ainda não foi citado como investigado no inquérito que apura a estrutura golpista no antigo governo. Ele aparece, até aqui, apenas como o responsável pela venda ilegal das joias e outros presentes recebidos por Bolsonaro enquanto era presidente.

Procurados pelo site, os envolvidos no episódio não comentaram o caso.

O general Cid, vale lembrar, prestou novo depoimento à Polícia Federal na semana passada, poucos dias após a nova prisão de seu filho, o tenente-coronel Mauro Cid. O militar foi preso por ordem de Alexandre de Moraes após tentar obstruir a Justiça e omitir informações em seus depoimentos do acordo de delação premiada.

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