Política

Padres, bispos e pastores protocolam pedido de impeachment de Bolsonaro

Líderes de entidades enumeraram ações ‘atentatórias’ à vida pelo governo federal: ‘Nem todo cristianismo é bolsonarista’

Religiosos apresentaram pedido de impeachment contra Bolsonaro na Câmara. Foto: Reprodução
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Líderes de entidades religiosas apresentaram, nesta terça-feira 26, um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. O chefe do Executivo já é alvo de mais de 60 pedidos de impedimento, nunca analisados em plenário pelos parlamentares.

O pedido, protocolado virtualmente, tem a assinatura de 380 líderes católicos e evangélicos, como padres, bispos e pastores (leia o documento na íntegra). Os signatários acusam Bolsonaro de cometer “inúmeros crimes de responsabilidade”, especialmente em contra a saúde pública.

Entre os atos elencados, estão a minimização da Covid-19, chamando a doença de “gripezinha”; a realização de campanhas contra o distanciamento social e o fechamento de escolas e do comércio; o incentivo ao consumo de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença; a afronta a prefeitos e governadores; a falta de políticas para deter a pandemia, sobretudo aos povos mais vulneráveis, como indígenas e quilombolas; a demissão de ministros que não concordavam com o afrouxamento do combate à pandemia; o comparecimento a manifestações de rua, sem respeitar medidas sanitárias como o uso de máscara; a falta de oxigênio em Manaus; e declarações mentirosas sobre possíveis efeitos colaterais da vacinação.

No texto, os religiosos descrevem as ações de Bolsonaro como “política genocida”.

“Essa gestão errática e irresponsável, a olhos vistos, contribuiu decisivamente para que o Brasil rapidamente se tornasse um dos três países com mais contaminações e o segundo em número de mortos”, escreveram os signatários. 

Em coletiva de imprensa na Câmara, discursaram a pastora Romi Márcia Bencke, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil; o bispo Maurício Andrade, da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; Carlos Seidel, da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB; e Flavio Cesar dos Santos Conrado, da Igreja Batista.

Romi Márcia Bencke afirmou que não houve conversas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por causa do período de transição – haverá eleição interna no Parlamento em 1º de fevereiro.

“Nós sabemos que a base principal de apoio ao governo Bolsonaro é conservadora de matriz cristã. Não nos reconhecemos nessa base de apoio ao Bolsonaro e tampouco apoiamos e defendemos as bancadas religiosas que se formam nesse Congresso”, disse a pastora.

“A gente tem consciência de que nem todas as pessoas das nossas igrejas são favoráveis a este ato. Mas é importante destacar as contradições no cristianismo: nem todo cristianismo é bolsonarista.”

O bispo Maurício Andrade acusou o governo de negligenciar o atendimento à saúde e afirmou que o objetivo principal de um governo é proteger a “sustentação da vida”.

“Como igrejas, nós defendemos a vida”, disse. “A vida na sua plenitude, como diz o Evangelho: eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”, completou, em referência ao versículo bíblico de João 10:10.

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