Política

Os sorrisos da guerra

Um jantar de fim de ano em um restaurante paulistano no domingo 19, organizado por advogados do grupo Prerrogativas, reuniria Lula e Geraldo Alckmin em público pela primeira vez, desde o início do noticiário sobre a possibilidade de o ex-governador tucano ser vice do petista […]

Bolsonaro vale-se da ingenuidade do povo brasileiro
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Um jantar de fim de ano em um restaurante paulistano no domingo 19, organizado por advogados do grupo Prerrogativas, reuniria Lula e Geraldo Alckmin em público pela primeira vez, desde o início do noticiário sobre a possibilidade de o ex-governador tucano ser vice do petista na campanha de 2022. A hipótese ganhou consistência após Alckmin deixar o PSDB, na quarta-feira 15. Naquele dia, uma pesquisa Ipec, instituto criado por ex-funcionários do Ibope, mostrava a vitória do ex-presidente no primeiro turno, caso a eleição fosse hoje, com 48%, 5 pontos a mais do que a soma dos rivais e dos indecisos. No petismo, há gente eufórica com a oportunidade de liquidar a fatura logo de saída, sem um duelo final, feito inédito para o partido. Há, porém, quem deixe as barbas de molho, inclusive o próprio Lula. “Bolsonaro é fascista. Moro é neofascista. Eles vão ter que lutar entre si para ver quem vai para o segundo turno contra o PT”, declarou o ex-presidente ao jornal argentino Página 12.

O pau já come entre aqueles que, em fevereiro de 2020, a esposa de Sergio Moro, Rosângela, dizia serem “uma coisa só”. Para encorpar a futura candidatura e ter alguma chance no pleito, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro precisa roubar os eleitores reacionários do presidente. O lado esquerdo do tabuleiro é de Lula e refratário ao ex-juiz. A tal “terceira via”, sonho do dito “mercado” e de setores da mídia, não encontra um rosto capaz de unificá-la, nem o de Moro até aqui. E é, ademais, de tamanho equivalente ao da torcida bolsonarista, conforme outra pesquisa de dezembro, a Genial/Quaest. Nesta, 24% dizem preferir que vença Bolsonaro e 24%, que não vençam nem ele nem Lula (a torcida pelo petista é de 46%).

EM 2020, A MULHER DE MORO DIZIA DO MARIDO E DO PRESIDENTE: “SÃO UMA COISA SÓ”. TEVE DE MUDAR A OPINIÃO

“O eleitor do Moro é o mesmo do Bolsonaro. Votou no Bolsonaro em 2018, se viu frustrado e agora busca um nome novo. É antipetista e não quer a volta do Lula. O Moro tem de provar que pode vencer o ex-presidente, aí cresceria nas pesquisas. Enquanto isso não acontecer, o Bolsonaro será apenas competitivo”, afirma o cientista político Felipe Nunes, da UFMG, sócio da consultoria Quaest. “A guerra entre Bolsonaro e Moro vai se intensificar nos próximos meses, é ali que está o ‘xis’ da campanha”. Pior para ambos, os campeões de rejeição no levantamento da Quaest, 64% de Bolsonaro e 61% de Moro. A intenção de voto no primeiro era de 24% e no segundo, de 11%.

Será que um certo inquérito do Supremo Tribunal Federal terá um papel na guerra? Recorde-se: Moro saiu do governo em abril de 2020, contrariado com a troca do chefe da Polícia Federal pelo presidente, e acusou Bolsonaro de interferência política na PF. O inquérito apura se houve interferência ou se o ex-juiz cometeu calúnia. Em 9 de dezembro, Moro requereu ao tribunal para que leve em conta uma entrevista presidencial na véspera. “Esse cara (Moro) não fez absolutamente nada para que Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e Receita (Federal) não bisbilhotassem não só a minha vida, como as de milhares de brasileiros”, dizia Bolsonaro. Ou seja, verbalizou o interesse pessoal em órgãos federais. Uma semana antes, Moro pedira em vão ao juiz do caso, Alexandre de Moraes, para anular o depoimento do presidente nesse inquérito, dado a apenas a um delegado federal, Leopoldo Soares Lacerda. Os advogados do ex-juiz queriam participar do interrogatório.

Guedes condena Pastore, e vice-versa

Ainda a propósito de PF, qual facção estaria por trás de uma operação desfechada na quarta-feira 15 contra o presidenciável Ciro Gomes, do PDT, e seu irmão Cid Gomes, senador? A morista? Ou a bolsonarista? Segundo Ciro, foi a mando do ex-capitão que policiais saíram atrás de provas e indícios de corrupção na reforma do estádio público de Fortaleza, usado na Copa do Mundo de 2014. Cid era governador do Ceará na época da obra. A suspeita é de que a família Gomes teria embolsado propina da empreiteira da reforma. Por ter apostado no antipetismo e no antibolsonarismo, Ciro possui, em tese, eleitores que poderiam migrar tanto para Lula quanto para o presidente e para Moro, caso ele se retire do páreo. Com baixos índices nas pesquisas (5% na Ipec), Ciro corre o risco de ser sacrificado pelo PDT no início de 2022. Ter sido alvejado pela PF só piora a situação. Lula solidarizou-se com o antigo aliado, idem Dilma Rousseff.

PF à parte, a pancadaria entre Moro e Bolsonaro assume ares de comédia e até de farsa, sobretudo graças ao presidente. A reeleição deste depende, primeiro, da capacidade de manter o rebanho unido. Eis um dos motivos para ter voltado a radicalizar o verbo contra o Supremo e as vacinas. Desde a filiação de Moro ao Podemos, em 10 de novembro, Bolsonaro chamou-o de “palhaço”, “idiota” e “mentiroso”. Disse que “esse (Moro) não aguenta dez segundos de debate”. Cínico. Na campanha de 2018, fugiu de todos os debates. Na terça-feira 14, tirou sarro do ex-colaborador perante apoiadores no Palácio da Alvorada. “Eu vi aí um vídeo agora daquele ministro. Ele falando que estava lendo biografias. O cara perguntou: ‘Qual foi a última?’ Ele ficou: ‘Hmmm…’ Alguém viu?”. O episódio aconteceu no programa do global Pedro Bial, em 2019.

*Fonte: pesquisas Genial/Quaest e Vox Populi

“A gente está batendo recorde de apreensão de droga e armamentos, especialmente depois que aquele ministro saiu”, afirmou Bolsonaro recentemente. Ricardo Salles, seu ex-ministro do Meio Ambiente, tascou no fim de novembro que Moro “aceitou ser ministro do Bolsonaro sabendo que não tinha nada a ver com o governo, que ele é de esquerda, que ele é contra as armas, ele é a favor de droga”. No dia da entrada do pai no PL, dia 30 de novembro, o senador Flávio “rachadinha” Bolsonaro gastara parte do discurso a carimbar o ex-juiz de “traidor”. O salário de Moro no Podemos foi usado por outro filho do ex-capitão para fustigar o rival. “Bom dia para quem acorda cedo para trabalhar, ou está indo dormir depois do plantão. Afinal, ninguém aqui ganha 22 mil para fazer campanha antecipada”, tuitou o deputado Eduardo na segunda-feira 13.

E a passagem de um ano pela consultoria americana Alvarez & Marsal teria rendido quanto a Moro? É o que quer saber o Ministério Público atuante no Tribunal de Contas da União, órgão auxiliar do Congresso. A solicitação foi dirigida em 10 de dezembro ao ministro do TCU Bruno Dantas. Em fevereiro, Dantas requisitara informações à consultoria sobre o acordo com Moro. Em seguida, a Justiça paulista proibira a firma de receber honorários da Odebrecht. Motivo: conflito de interesses. Como juiz, Moro ajudou a quebrar a empreiteira, que hoje é cliente da consultoria. Esta participa da recuperação judicial da construtora. Moro desligou-se em outubro dos americanos, vínculo que o levara a morar nos Estados Unidos. O juiz Gilmar Mendes, do Supremo, sopra que na hora certa entrará em campo contra o presidenciável e usará a Alvarez & Marsal como munição.

PARA MANTER O REBANHO UNIDO, BOLSONARO RADICALIZA CONTRA O STF E AS VACINAS

“Nunca enriqueci. Não vou mentir aqui: eu tinha um salário bom, os salários de juízes são bons, considerando pessoalmente a média da população brasileira”, afirmou Moro em uma entrevista no YouTube, na quarta-feira 15. Em 2018, ano em que largou a toga para servir a Bolsonaro, o salário médio dos magistrados era de 46 mil. Segundo o IBGE, naquele ano figurava no 1% mais rico quem embolsava de 27 mil para cima. A renda média do trabalhador era de 2,5 mil.

Dar entrevistas tem sido a maneira de Moro tentar manter-se em evidência. O pretexto é falar de seu livro Contra o Sistema da Corrupção, recém-lançado. Em 9 de dezembro, deu uma palestra sobre a autobiografia em um teatro carioca. No dia seguinte, a atriz Ana Beatriz Nogueira cancelou a encenação de uma peça no local. O ex-juiz tem dito que Bolsonaro o ofende por “medo”, pois o governo é “ruim”, que errou ao aceitar ser ministro e que o presidente, sim, é um “traidor” (traiu a causa do combate à corrupção, por exemplo). Ele começou a divulgar o livro em 30 de novembro, dia do ingresso de Bolsonaro no PL, sinal de que seu timing político repete aquele do tempo em que conduzia a Operação Lava Jato. Aliás, um dia depois de o presidente aderir ao PL, a PF investiu contra o chefe do partido no Maranhão, o deputado Josimar Maranhãozinho, numa investigação sobre rolo com emenda parlamentar. Foi por aqueles dias que vazaram na mídia imagens e áudios de Josimar gravados há mais de um ano pela PF. Facção morista dos federais em ação?

Santos Cruz: o anteparo

Assim que abrigou Bolsonaro, o PL degolou o jornalista que comandava a comunicação do partido há 25 anos. Vladimir Porfírio era crítico do presidente, espalhou vídeos a esculhambar a postura federal na pandemia. Outra mudança na área da comunicação bolsonarista chama atenção em Brasília. O Ministério da Saúde logo contratará quatro agências de publicidade, um negócio de 250 milhões por ano. A chefe da comunicação da pasta, Priscila Costa e Silva, foi demitida na quarta-feira 15. Consta que a vaga será de Rodrigo Fayad, ex-integrante da Secretaria de Comunicação da Presidência. Comenta-se que ele se dá bem com a Record e que o canal do “bispo” Edir Macedo quer alguém capaz de injetar no seu negócio grana da propaganda oficial. Será? De olho em uma candidatura na eleição de 2022, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, parece topar o negócio.

Porfírio não foi a única baixa no PL de Bolsonaro. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, do Amazonas, saiu também, por conta própria. O presidente, diz ele, representa uma extrema-direita “tosca”, faz mal ao presente do Brasil e fará pior no futuro, se reeleito. Para ele, será muito difícil Bolsonaro reverter a má avaliação do governo nas pesquisas e a intenção de voto na casa dos 20%, 25%, por causa da economia, marcada por inflação e desemprego altos, salário e PIB no chão. Seria preciso oferecer esperança à população e Bolsonaro perdeu essa capacidade. “A rejeição ao governo desceu da consciência e foi para o bolso”, afirma Ramos. Que vê Moro igualmente incapaz de vender esperança. “Ele é monotemático na questão de corrupção, não enfrenta o problema da vida real, que é também a corrupção, mas os principais são ainda a fome, o desemprego, a miséria, a falta de perspectiva.”

VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA, MARCELO RAMOS AVISA: “O PRESIDENTE REPRESENTA UMA EXTREMA-DIREITA ‘TOSCA’. FARÁ PIOR SE REELEITO”

Em uma entrevista noturna à CNN em 23 de novembro, Moro disse ser preciso identificar as causas da pobreza, “às vezes pode ser uma coisa simples… uma falta de emprego, uma oportunidade de ensino, às vezes até um tratamento da saúde”. Gênio, hein? Naquele dia, tinha ido ao Senado e atacado a “política econômica equivocada” do ministro Paulo Guedes. Ingrato. Guedes foi intermediário entre Bolsonaro e Moro na escolha do ex-juiz para o Ministério da Justiça. E briga pelo chefe, como na declaração a seguir. “O Affonso Pastore, que trabalhou com o governo militar, do Figueiredo, que foi um caos, que tocou fogo no Brasil, porque fez uma política errada, ele estava no Banco Central, não fez nada, e está me criticando porque estou ajudando um presidente democraticamente eleito. Ele ajudou um governo que não foi democraticamente eleito. Tinha que ficar quieto e ter uma velhice digna.”

Affonso Celso Pastore, de 82 anos, é guru de Moro. Comandou o BC de 1983 a 1985. Via web, acompanhou um papo do ex-juiz, em São Paulo, com dirigentes da XP, uma dessas firmas do dito “mercado”, em 29 de novembro. No mesmo dia, Moro jantou na casa de Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital, com uns graúdos do PIB, como Roberto Setubal (Itaú), Luís Stuhlberger (Verde Asset) e Paulo Galvão (Klabin). É uma turma doida por uma “terceira via”. E Guedes? Em 10 de dezembro, almoçou em São Paulo com uns endinheirados, entre eles Abilio Diniz, André Esteves (BTG) e José Olympio (Credit Suisse). Segundo CartaCapital apurou, um dos comensais perguntou ao “Posto Ipiranga” sobre Moro. Guedes teria respondido que acha muito difícil o ex-juiz chegar ao segundo turno, por causa da alta rejeição, e que, se ele for eleito, enfrentaria muitos atritos com o Congresso e o Supremo. E arrematou: Moro é hoje depositário de votos de Bolsonaro, os quais irão para o presidente no duelo final com Lula (se é que haverá um).

Inventor do PowerPoint agora é do Podemos

E os votos do ex-capitão, iriam mesmo para Moro? Complicado, a julgar por uma pesquisa Vox Populi de novembro para o PT. Sem Bolsonaro no páreo, Moro teria 8% dos votos, resultado, talvez, das agressões verbais do próprio presidente contra ele. De qualquer forma, o ex-juiz monta um time para tentar entrar no universo bolsonarista. Sua ponte com os evangélicos é Uziel Santana, presidente licenciado da Associação Nacional de Juristas Evangélicos, entidade que fez campanha por André Mendonça, indicado pelo presidente para o Supremo. Para enveredar pelo agronegócio, recrutou o agrônomo Xico Graziano, bolsonarista fervoroso em 2018.

Para atrair militares, Moro conta com o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro. Santos Cruz entrou no Podemos, a sigla morista, em 25 de novembro, disposto a impedir que o presidente arraste as Forças Armadas para a política. Como se elas já não estivessem metidas até o pescoço há uns cinco anos. É cotado para ser vice de Moro. Prestes a ser chutado por Bolsonaro da chapa de 2022, o vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, é outro general da reserva com quem o ex-juiz flerta, na busca de apoio nos quartéis. Autor de textos sobre o “Partido Militar” e a politização fardada, o coronel da reserva Marcelo Pimentel de Souza aposta que os milicos vão barrar a candidatura de Bolsonaro, para turbinar a de Moro. Será? A propósito, para diretor-geral do Tribunal Superior Eleitoral em 2022 vai outro general da reserva, Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa até março de 2021.

O GENERAL MOURÃO ESTÁ NA IMINÊNCIA DE SER CHUTADO PELO EX-CAPITÃO. COM ELE, OBVIAMENTE, MORO FLERTA AGORA

Desencantado com Bolsonaro em razão de “rachadinhas” e que tais, o lavajatismo embarca na aventura do ex-juiz. Deltan Dallagnol, inventor do PowerPoint, filiou-se ao Podemos em 10 de dezembro, possivelmente para concorrer a deputado federal pelo Paraná. Dois dias depois, apanhava de Bolsonaro nas redes sociais. O presidente contou em um vídeo que Dallagnol quis uma audiência com ele em 2019. Na época, o ex-capitão preparava-se para escolher o procurador-geral da República e Dallagnol queria conversar a respeito. Bolsonaro recusou a reunião. Achava, segundo diz agora, que ele entraria em sua sala com uma história pronta na cabeça, assim como a Lava Jato fazia com investigados: o escolhido para a Procuradoria estaria obrigado a salvar a pele do clã Bolsonaro sempre que preciso.

Autor do livro O Brasil Dobrou à Direita, sobre a vitória de Bolsonaro, o cientista político Jairo Nicolau, da FGV, acredita que o lavajatismo teria sido capaz de eleger Moro na campanha passada. “Ele chegou quatro anos depois, seria candidato perfeito para 2018, o outsider anticorrupção. Talvez fosse o verdadeiro Bolsonaro de 2018”, afirma. O ponto de partida do ex-juiz nas pesquisas, em torno de 10%, prossegue o analista, é alto, pois Moro nunca concorreu e passou os últimos anos à margem da elite política. É um patamar igual ao número de pessoas que consideram a corrupção o maior problema brasileiro, na recente pesquisa Genial/Quaest. Mas o maringaense conseguirá sair da “jaula” anticorrupção e conquistar corações? “Não vejo muito espaço para ele explodir, e ele precisa explodir, passar dos 15% e se aproximar dos 20%, para aí, sim, ameaçar Bolsonaro e tirá-lo do segundo turno. Essa hipótese acho hoje muito pouco provável.” •

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1188 DE CARTACAPITAL, EM 16 DE DEZEMBRO DE 2021.

CRÉDITOS DA PÁGINA: CLAUBER CLEBER CAETANO/PR E SAULO ROLIM/PODEMOS 19 – EDU ANDRADE/ME E WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO – ROBERT ALVES/PODEMOS 19 – HEULER ANDREY/AFP

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