Os recados de Bivar a Lula em meio ao risco de debandada no União

O partido controla direta ou indiretamente três ministérios, mas não compõe formalmente a base de apoio à gestão do petista

Luciano Bivar e Lula. Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Evaristo Sá/AFP

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A relação entre o governo Lula e o União Brasil não segue trâmites normais. O partido, embora controle direta ou indiretamente três ministérios, não compõe formalmente a base da gestão do petista – e condiciona seu eventual suporte a questões subjetivas.

Na segunda-feira 10, uma nova onda de incerteza se instalou. A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pediu ao TSE autorização para se desfiliar do União. Também tentam deixar a legenda por justa causa outros cinco deputados, todos do Rio de Janeiro.

Mirando votações importantes no Congresso – como medidas provisórias, regra fiscal e reforma tributária –, o governo tende a evitar desencontros com o União, que conta com nove senadores e 59 deputados, entre parlamentares aliados e inimigos de Lula.

O presidente nacional do União Brasil, o deputado Luciano Bivar, diz que seu partido vive um “problema interno” e que o tema “não cabe ao governo do PT tomar qualquer decisão”.

A declaração se refere a uma dúvida recorrente entre aliados do governo: o que Lula fará caso Daniela Carneiro consiga no TSE se desfiliar do União? E o que o partido pedirá a Lula se isso ocorrer?

Em contato com CartaCapital, além de classificar os argumentos de “risíveis”, Bivar sustenta que uma eventual saída de Daniela Carneiro do partido “não alteraria em nada o relacionamento com o governo Lula”. As entrelinhas, porém, indicam alguns alertas.


Segundo ele, “há dentro do partido parlamentares de várias matizes” e o União “estará com o governo naquilo que for dentro das nossas linhas econômicas, sociais e ideológicas”.

Bivar também deixa clara a compreensão de que o comando do Turismo é do União Brasil, não de Daniela Carneiro. “Se [a ministra] estiver publicamente fora do partido, é natural que o PT e o governo vão entender se é melhor entregar o ministério a um deputado pessoa física ou a um partido político. Então, é uma decisão do governo.”

Na prática, o União Brasil não admite a possibilidade de perder o comando de um ministério. A sigla chefia diretamente duas pastas – o Turismo, com Carneiro, e as Comunicações, com Juscelino Filho – e tem em sua cota outra indicação, a de Waldez Góes (PDT) para o Ministério do Desenvolvimento Regional.

A ação de desfiliação por justa causa apresentada por Daniela Carneiro e correligionários está nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposenta nesta terça, e será distribuída a um novo magistrado.

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