Mundo
Os primeiros comentários de Lula sobre a conversa com Trump
O presidente disse que a conversa com o presidente dos EUA foi ‘extraordinariamente boa’


“Extraordinariamente boa”. Assim o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou a conversa que teve com o colega dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira 6.
“Você fica pensando que a coisa vai acontecer de um jeito, que não vai ter uma boa conversa, [mas] a conversa com o Trump foi muito amigável. Uma conversa de dois presidentes, de dois países importantes, as duas maiores democracias do ocidente”, disse Lula, em entrevista exclusiva à TV Mirante, afiliada da Globo no Maranhão.
Apesar de ter relatado que a conversa transcorreu em clima ameno, Lula disse que expôs a Trump as condições para que os países retomem as boas relações bilaterais. Entre elas, a revogação do tarifaço e o fim das sanções aplicadas a autoridades brasileiras, como ministros do Supremo Tribunal Federal e integrantes do governo.
“Eu falei para ele: ‘para a gente começar a conversar, é importante que comece a haver o zeramento das taxações, a isenção de punição aos nossos ministros, e a gente começar a discutir com um pouco de verdade. Não sei quais são as informações que o senhor tem sobre o Brasil, mas é importante que a gente converse olho no olho, para a gente mostrar o que está acontecendo'”, relatou.
Ao iniciar a entrevista, conduzida pela jornalista Carla Lima ainda na segunda-feira, após o bate-papo por videoconferência com Trump, o brasileiro fez questão de dizer que era a primeira vez que falava publicamente sobre o diálogo de horas antes.
“Temos uma relação civilizada, com mais de 200 anos de diplomacia. Era preciso que a gente conversasse, colocasse nossos problemas em torno de uma mesa”, pontuou. “Eu disse a ele o que pensava, ele me disse o que pensava, ficamos de marcar uma conversa para a gente se encontrar”.
Lula destacou que, antes do encontro entre os presidentes, as conversas diplomáticas vão seguir, visando o fim do tarifaço. Do lado brasileiro, conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Pelos EUA, a discussão ficará a cargo do secretário de Estado, Marco Rubio.
“Brasil e Estados Unidos têm que ser exemplo ao mundo das duas democracias ocidentais. A gente sabe que o mundo está de olho. Acho que ele entendeu. Fiquei bastante surpreso com a cordialidade dele”, resumiu Lula. “Somos dois homens de 80 anos, com muita responsabilidade, com muita experiência, e a gente não pode errar. O povo americano não pode sofrer, nem o brasileiro, por causa de erros nossos.”
O tom amigável da conversa foi confirmado pelo próprio Trump. Ainda na segunda-feira, em entrevista coletiva na Casa Branca, ele disse que o presidente brasileiro é “um bom homem” e confirmou a intenção de prosseguir dialogando.
“Em algum momento eu irei [ao Brasil] e ele vai vir aqui [aos EUA]”, disse o presidente dos EUA. “Nós conversamos sobre isso”, garantiu.
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