Política

Ministro Luiz Fux proíbe que Lula dê entrevistas da prisão

Ministro também estabeleceu censura ao conteúdo, sob o risco de crime de desobediência

Ministro Luiz Fux proíbe que Lula dê entrevistas da prisão
Ministro Luiz Fux proíbe que Lula dê entrevistas da prisão
Ministro proíbe Lula de dar entrevistas, além de estabelecer censura caso o conteúdo já tenha sido produzido
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O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, suspendeu na noite da sexta-feira 28 a liminar concedida pelo colega Ricardo Lewandowski, que permitia que o ex-presidente Lula desse entrevista ao jornal Folha de S. Paulo da prisão. Com a proibição, caso a entrevista já tenha sido feita, deve ser censurada, sob risco de configurar crime de desobediência.

“Determino que o requerido Luiz Inácio Lula da Silva se abstenha de realizar entrevista ou declaração a qualquer meio de comunicação, seja a imprensa ou outro veículo destinado à transmissão de informação para o público em geral”, colocou Fux em sua decisão.

O ministro vai contra a decisão de Lewandowski que tinha acatado uma reclamação do jornal, que alegava que proibir a entrevista à colunista Mônica Bergamo significava impedir o exercício do jornalismo. Fux, por sua vez, colocou que a regulação da livre expressão de ideias, sobretudo no período eleitoral, protege o bom funcionamento da democracia. “A desinformação do eleitor compromete a capacidade de um sistema democrático para escolher mandatários políticos de qualidade”, proferiu na decisão.

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A determinação atende a um pedido de suspensão da liminar anterior feito pelo Partido Novo, adversário do PT nas eleições, e que tem como candidato à Presidência, João Amoêdo. O partido alegou que o PT tem apresentado Lula diversas vezes como representante da chapa, o que gera desinformação aos eleitores. Barrado pela Justiça com base na Lei da Ficha Limpa, o ex-presidente Lula foi substituído por Fernando Haddad.

Na decisão anterior do ministro Lewandowski, que contrariou a argumentação da juíza federal da 12ª Vara Federal de Curitiba, Carolina Lebbos, sobre questões de segurança pública, foi colocado que Lula está na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e não em estabelecimento prisional onde poderia existir eventual risco de rebelião. Também se considerou que o ex-presidente não está em regime de incomunicabilidade.  A Procuradoria-Geral da República chegou a divulgar nota afirmando que não iria recorrer da decisão de Lewandowski.

À imprensa, o advogado do jornal Folha de S.Paulo, Luís Francisco Carvalho Filho, declarou que a medida do ministro é o mais grave ato de censura desde o regime militar. “É uma bofetada na democracia brasileira. Revela uma visão mesquinha de liberdade de expressão”, declarou.

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