Orçamento secreto estaria relacionado com o adiamento da sabatina de Mendonça ao STF

Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado, estaria travando a sabatina após perder controle da disponibilização de emendas

O presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

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Disputa pelo controle do orçamento secreto seria motivo do adiantamento da sabatina do ex-advogado-geral da união, André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal. A informação é do jornal O Globo. 

Segundo a reportagem, Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado, era quem controlava a liberação das emendas de relator que integram o ‘orçamento secreto’, enquanto presidente da Casa. 

Ao terminar o mandato na presidência do Senado, Alcolumbre foi considerado como um articulador político reconhecido por governistas e oposicionistas. 

Este fato não agradou o governo Bolsonaro, que constatou que o senador havia destinado grandes quantias aos congressistas de oposição.  

Após a sua substituição, Alcolumbre se distanciou do Planalto e tem se recusado a pautar a sabatina de Mendonça, indicado ao STF pelo presidente Jair Bolsonaro. O senador é o presidente da Comissão de Constituição e Justiça no Senado, órgão responsável pelo procedimento. 

A atitude de Alcolumbre seria uma retaliação pela retirada de poder sobre a distribuição de emendas. Sem essa prerrogativa, o senador perdeu influência na Casa. 


 

Emendas destinadas ao Amapá

Estado do senador teria recebido a maior parte das verbas destinadas à Casa. Somente Alcolumbre enviou ao estado 320 milhões de reais ao Amapá. 

O valor é mais que o dobro do segundo colocado em recebimento, o estado de Roraima, segundo critério de repasse per capita. 

Este valor foi destinado por meio das emendas de relator, sistema criado pelo Congresso, com apoio do presidente, que dificulta a fiscalização do uso dos recursos federais. 

Com parte desses valores, o ex-presidente do Senado comprou 78 tratores, destinados a 16 municípios que integram seu reduto eleitoral. 

Os tratores foram comprados com 120 milhões de reais que Alcolumbre enviou via orçamento secreto à Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), uma autarquia federal.

No começo de outubro, o Tribunal de Contas da União detectou sobrepreço em outros contratos da autarquia e suspendeu as licitações.

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