A tesourada no orçamento das universidades e institutos federais, anunciada pelo Ministério da Educação, não chegará aos colégios militares. A informação foi repassada pelo porta-voz da presidência Otávio Rêgo Barros, em coletiva na noite de segunda-feira 6.
O orçamento de todas as universidades e dos institutos federais encolherá 30% a partir do próximo semestre. O corte atinge despesas como água, luz, telefone, insumos para pesquisa e funcionários terceirizados. Algumas instituições, como a Universidade Federal do Paraná, podem parar já nos próximos meses.
Barros declarou que, diferente dessa instituições, os colégios militares gozam da autonomia financeira das Forças Armadas — e por isso não serão atingidos. “A Força Nacional tem autonomia na definição das prioridades dos recursos orçamentários das suas organizações”, justificou.
O porta-voz também defendeu a medida, dizendo tratar-se de uma ‘reestruturação’, e não de um corte. Segundo ele, a medida é vista pelo presidente Jair Bolsonaro como ‘inversão da pirâmide’: priorizar o ensino básico e fundamental em detrimento da educação superior. “Essa inversão vai ao encontro de suas propostas durante a campanha presidencial”, completou.
A valorização dos colégios militares é uma das grandes bandeiras do governo, considerado modelo de ensino rígido e disciplina. Mas essas qualidades não são para todos. Estima-se que cada aluno militar custe aos cofres públicos três vezes mais que um estudante da rede pública. Há apenas treze colégios militares no Brasil — os colégios têm piscina, laboratórios, salas e professores bem remunerados. Filhos de militares têm prioridade na matrícula.
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