Onyx Lorenzoni defende homem que atirou em Cid Gomes: “Legítima defesa”

O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, defendeu o direito à legítima defesa ao comentar o ataque a tiros contra o senador Cid Gomes (PDT-CE), na cidade de Sobral, no Ceará, na quarta-feira 19. A declaração ocorreu durante transmissão ao vivo do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, nesta quinta-feira 20.

Bolsonaro reclamava de que a imprensa tenta culpá-lo pelo episódio ao estabelecer relações ideológicas entre ele e os manifestantes. Ele criticou uma matéria do site UOL que informa que um vereador bolsonarista liderou o motim em quartel onde o senador foi baleado.

“Olha só, hein. O motim lá se deve a um vereador bolsonarista. Eu queria que vocês me apresentassem ele, pelo menos isso, me apresente o vereador aí. Agora, eles não têm o que fazer, meu Deus do céu”, disse.

Em seguida, o presidente se virou para Onyx Lorenzoni e o perguntou sobre a postura de Cid Gomes diante do protesto. O senador avançou com uma retroescavadeira em direção aos manifestantes antes de levar os dois tiros.

“Vou te botar em xeque aqui. Aquele cara, não fala o nome dele não, que subiu num trator, querendo empurrar o portão lá com crianças, com mulheres. Ele agiu corretamente? Sim ou não? Não fala o nome dele não”, afirmou Bolsonaro.

O ministro da Cidadania, então, repudiou a ação do parlamentar e defendeu o direito à “legítima defesa”.

“É evidente que não, né, presidente? Aí é uma irresponsabilidade, um desequilíbrio, um ato que colocou em risco a vida de muitas e muitas pessoas. É evidente que, quando tu tem a tua vida em risco, tu tem o direito à legítima defesa”, disse Lorenzoni.

Bolsonaro aproveitou para informar que tem conversado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para pedir a aprovação de um projeto que prevê o excludente de ilicitude para militares em missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Nesta quinta-feira 20, o presidente assinou um decreto de GLO, que autoriza o envio de tropas das Forças Armadas à região. Os militares permanecerão no estado até 28 de fevereiro, para reforçar a equipe de segurança durante a greve dos policiais.

“Eu tenho um projeto lá dentro [do Congresso] dizendo que, em GLO, tem que ter excludente de ilicitude. Ou seja, acabou a missão, ele vai para casa. Não está preocupado em receber a visita de um oficial de Justiça, depois enfrentar uma auditoria militar e pegar até 30 anos de cadeia. É uma irresponsabilidade”, disse.

O presidente prosseguiu, admitindo que as ações das Forças Armadas podem resultar em morte de inocentes, mas que os militares são inocentes porque agem em própria defesa.

 

“Até 30 anos de cadeia nesse garoto que tem uma namorada, que tem um time de futebol, que tem uma vida social, que é um inocente. E, por estar com um fuzil, ele é atacado, muitas vezes, reage, vai que morre inocente, porque pode morrer inocente, de quem fica a responsabilidade?”, questionou.

Em seguida, Bolsonaro pediu que Maia e Alcolumbre para que pautem o projeto no Congresso Nacional.

“Agora, vou deixar bem claro que é uma coisa de extrema importância para o presidente da Câmara e o presidente do Senado. A decisão é deles de botar em pauta. É deles, tá certo? Essa responsabilidade não pode ficar comigo”, disse. “Se é para tratar com flor essa galera, não fique enchendo o nosso saco. Vão pedir para outras instituições cumprirem essa missão. Se estamos em guerra urbana, temos que mandar gente para resolver esse problema. E acabou a guerra, não podem depois ser julgados por leis da paz.”

Os policiais militares estão em greve no Ceará desde a quarta-feira 19. Os agentes não aceitam a proposta de reajuste salarial do governo do estado. Em protesto, os grevistas ordenaram o fechamento de estabelecimentos e impediram que agentes de segurança pudessem trabalhar. A Justiça do Ceará declarou a greve como ilegal na segunda-feira 17.

Cid Gomes foi hospitalizado, mas não apresentou alterações em seu quadro cardíaco e neurológico. Os tiros atingiram a região torácica do senador. Dentro do hospital, ele publicou um vídeo em que afirmou que não precisa mais de cuidados intensivos.