Política

ONU alerta para catástrofe humanitária por causa da batalha por Mossul

Até 1 milhão de civis podem abandonar a cidade iraquiana. A Cruz Vermelha teme que jihadistas façam uso de armas químicas

Apoie Siga-nos no

As agências humanitárias da ONU alertaram nesta terça-feira (18) que a batalha para libertar a cidade iraquiana de Mossul das mãos do grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) poderá resultar na “mais longa e complexa crise humanitária” do próximo ano.

Thomas Lothar Weiss, diretor-geral da missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) no Iraque, afirmou que milhares de pessoas deverão deixar a cidade durante a batalha, o que poderá provocar uma “enorme crise humanitária em 2017″.

A ofensiva das Forças Armadas do Iraque, com apoio de milícias curdas e da coalizão aérea americana, foi iniciada nesta segunda-feira. Estima-se que de 1,2 milhão a 1,5 milhão de pessoas vivam na segunda maior cidade do país, há dois anos sob domínio do EI. Diversos observadores afirmam que a batalha deverá se longa e sangrenta.

No primeiro dia dos combates, poucas pessoas conseguiram fugir, mas, segundo Weiss, “esse número subirá dramaticamente à medida em que as forças iraquianas se aproximarem dos arredores da cidade”. O diretor-geral da OIM disse que a ONU teme que, ao tentar fugir da cidade, os moradores não apenas irão se colocar em meio ao fogo cruzado, mas também acabarão sendo usados como “escudos humanos” – prática adotada pelos combatentes do EI.

William Spindler, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), disse que a batalha poderá provocar “uma catástrofe humanitária”, mas não especificou quando isso ocorreria. Ele calcula que até 1 milhão de pessoas abandonem a cidade, tornado-se deslocados internos ou refugiados nos países vizinhos.

“Os civis se encontram numa situação de risco extremo”, alertou Spindler. O Acnur, segundo ele, teme ainda o uso de armas químicas pelo EI. Apesar de a ONU não ter recebido relatos da utilização desses armamentos, os temores se baseiam em informações da imprensa local de que os jihadistas teriam-nos utilizado próximo a posições das forças curdas peshmerga.

Weiss disse que, se isso ocorrer, não haverá máscaras de gás suficientes para proteger os civis. Essa preocupação também é compartilhada pelo diretor do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iraque, Robert Mardini. “Ninguém sabe o que vai acontecer. Estamos preparados, elaboramos planos de contingência, temos material e profissionais posicionados, mas o problema é que a situação é imprevisível”, afirmou. Ele assegurou, porém, que, em caso de um ataque químico, a Cruz Vermelha tem remédios e material para as vítimas.

 

Mardini disse que a Cruz Vermelha deseja manter o diálogo com os dois lados do conflito para obter acesso às áreas de detenção de prisioneiros e assegurar que recebam tratamento adequado. Ele afirmou que a organização não conseguiu estabelecer contato com o EI, mas que é essencial que isso seja feito. “Faremos todo o possível para dialogar com o grupo”, disse.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar