Política

OMS contraria Bolsonaro sobre transmissão de covid-19 a partir de assintomáticos

A entidade citou um estudo sobre assintomáticos que ainda não é abrangente, informação que foi omitida pelo presidente

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: PR
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) esclareceu, nesta terça-feira (9),  que a “transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto”. A entidade se explicou após fala da chefe do programa de emergências, Maria van Kerkhove, de que a transmissão da Covid-19 por pacientes sem sintomas da doença parece ser “rara”.

“Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto”, disse o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan.

Ao analisar o tema nesta segunda-feira, Maria citava países com grande capacidade de testagem e rastreio, que não é o caso do Brasil. Além disso, em alguns casos, pontuou van Kerkhove, quando uma segunda análise dos supostos casos assintomáticas é feita, descobre-se que os pacientes tiveram, na verdade, leves sintomas da infecção.

A fala de Maria foi utilizada pelo presidente Jair Bosonaro na defesa do fim do isolamento social. O capitão distorceu o que foi falado pela entidade e pediu “reabertura mais rápida” das atividades econômicas.

“Ontem a OMS também disse que a transmissão de pessoas assintomáticas é praticamente zero. Muitas lições serão tomadas. Isso pode sinalizar a uma abertura mais rápida e do comércio e a extinção de medidas mais rígidas autorizadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e por prefeitos e governos estaduais. O governo federal não participou disso. Vai ter muita discussão”, disse Bolsonaro em reunião periódica do chamado conselho de governo.

“Esse pânico que foi pregado lá atrás por parte da grande mídia começa talvez a se dissipar levando em conta o que a OMS falou por parte do contágio dos assintomáticos”, completou.

Apesar do estudo citado, a OMS não reviu a necessidade de isolamento social para frear a disseminação do vírus. De acordo com Van Kerkhove, as ações dos governos devem se concentrar na detecção e isolamento de pessoas infectadas com sintomas e no rastreamento de qualquer pessoa que possa ter entrado em contato com elas.

A declaração da chefe do programa de emergências foi criticada por pesquisadores por ter soado ambígua.

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