Política
O repúdio da bancada feminina do Senado aos ataques contra Marina e ao machismo de Marcos Rogério
Convidada a prestar esclarecimentos sobre o licenciamento ambiental na BR-319, a ministra deixou a audiência após as ofensas


A bancada feminina do Senado repudiou os “ataques misóginos e sexistas” contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), durante sessão da Comissão de Infraestrutura, nesta terça-feira 27.
Sem citar os nomes dos parlamentares envolvidos no bate-boca, a nota do grupo afirma que esse comportamento representa “a violência de gênero que as mulheres enfrentam no espaço de poder”. “Ficou evidente que, naquela sessão, a última palavra precisava ser a de um homem. Nós sabemos, e reafirmamos: lugar de mulher é onde ela quiser”, diz o texto.
As senadoras também ressaltam que Marina foi repetidamente interrompida, que o microfone dela foi cortado e que ela foi impedida de responder a acusações, em uma violação ao regimento da Casa Alta, que assegura o direito à tréplica.
Convidada a prestar esclarecimentos sobre o licenciamento ambiental na BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), a ministra decidiu deixar a audiência após as ofensas.
Apesar de a gota d’água ter sido um ataque do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que afirmou não respeitá-la enquanto chefe do Meio Ambiente na gestão Lula, ela já havia rebatido acusações de Marcos Rogério (PL-RO) e de Omar Aziz (PSD-AM). Rogério, presidente do colegiado, chegou a dizer que Marina precisava “se pôr no seu lugar”.
“Essa frase, carregada de machismo estrutural, é mais do que um ataque pessoal, é uma tentativa explícita de silenciamento de mulheres que ocupam espaços de poder. Mas nós sabemos e reafirmamos: lugar de mulher é onde ela quiser”, reagiram as senadoras.
Em março, Plínio Valério já havia afirmado ter vontade de enforcar Marina, durante um evento público da Fecomércio do Amazonas.
O comunicado da bancada feminina ainda destaca “ser simbólico e profundamente preocupante que esse tipo de violência ocorra justamente na semana em que o Congresso discute uma reforma eleitoral que traz à tona a violência política de gênero e a urgente necessidade de ampliar a participação feminina na política”.
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