Política
O que se sabe sobre o plano para roubar o apartamento de Collor em Maceió
O grupo é suspeito de ter realizado ações criminosas no estado de São Paulo antes de ir a Alagoas


Uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo mostrou detalhes do plano de uma quadrilha que planejou roubar um apartamento de alto padrão de propriedade do ex-presidente Fernando Collor (PRD-AL) em Maceió.
A matéria, exibida no domingo 21, mostrou que um grupo de jovens dirigiu por mais de 2 mil quilômetros de São Paulo até a capital alagoana, e que, segundo as investigações, tinha alvos certos: além do imóvel de Collor, eles tentariam roubar outro apartamento.
Modus operandi
Ao identificar os alvos dos potenciais crimes, os integrantes do grupo atuavam para identificar os melhores momentos para realizar as ações. Isso envolvia centenas de ligações telefônicas, geralmente conversando com funcionários das residências ou moradores idosos.
Os integrantes da quadrilha se disfarçavam, por exemplo, de funcionários de concessionárias de automóveis. Uma das pessoas ouvidas pelo programa disse, sob condição de anonimato, que as ligações eram insistentes, a qualquer hora do dia e da noite, e chegavam a incomodar.
Imagens de câmeras obtidas pelo programa da Globo mostraram ações do grupo de suspeitos em outras ações criminosas em cidades do interior paulista. Eles podem ter tido acesso a sistemas da própria Polícia Militar de São Paulo e, com isso, conseguiam identificar onde estariam as viaturas policiais, aproveitando os momentos mais convenientes para cometer os crimes.
Em nota enviada ao Fantástico, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirma que o caso está sob sigilo, e que se for identificado que houve vazamento de dados dos sistemas, “os envolvidos serão responsabilizados nos termos da lei”.
O grupo também tinha diferentes formas de atuar, dependendo do local onde seriam realizados os roubos. Quando os alvos eram casas, homens da quadrilha iam aos locais e arrombavam portas e ameaçavam funcionários ou moradores que eventualmente chegassem em meio à ação.
No caso de roubos a apartamentos, eram mulheres que entravam pela porta da frente. Os investigadores apontam que elas conseguiam entrar fingido ser parentes ou amigos de moradores. Os porteiros permitiam o acesso com medo de represálias por terem supostamente vetado a entrada de visitas de pessoas próximas.
O grupo, aliás, foi identificado a partir de uma das ações envolvendo duas mulheres. Uma delas carregava uma sacola com lanches. Os policiais conseguiram chegar à lanchonete onde a comida foi comprada e, por lá, identificaram a origem do pagamento, feito via Pix. Outros 11 suspeitos foram identificados a partir dela.
Os roubos ao imóvel de Collor e ao outro apartamento de Maceió que era alvo da quadrilha foram evitados depois que a Polícia Civil de São Paulo acionou o Ministério Público e as forças de segurança alagoanas com informações sobre os alvos dos ataques.
Procurado pelo Fantástico, o advogado de um dos suspeitos afirma que eles negam as acusações. Outra mulher, identificada como parte do grupo, foi procurada, mas, segundo a reportagem, ela sequer tinha uma advogada contratada para defesa.
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