Política
O que se sabe sobre a operação da PF que mira corrupção em cidade administrada pelo pai de Hugo Motta
Na mira da investigação está um contrato firmado pela Prefeitura para a execução de uma obra com suspeitas de desvio de recursos federais
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira 3, a segunda fase de uma operação que apura suspeitas de fraude, superfaturamento e desvio de recursos federais na cidade de Patos, no sertão da Paraíba. O município é comandado pelo prefeito Nabor Wanderley (Republicanos), pai do deputado Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara.
A dupla não é oficialmente alvo da atual fase da operação da PF. A principal suspeita, em um primeiro momento, recai sobre uma servidora da Prefeitura da cidade que não teve sua identidade divulgada. A gestão municipal ainda não comentou a ação policial.
A investigação mira um contrato executado pela atual gestão, mas firmado em 31 de dezembro de 2020, um dia antes do pai do deputado assumir o comando da cidade. O valor total da obra é de 6 milhões de reais e os recursos são do Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado, na ocasião, pelo bolsonarista Rogério Marinho, hoje senador pelo PL.
A suspeita apontada pela PF é de que empresários e agentes públicos formaram um conluio para fraudar a licitação, direcionar o contrato por meio de cláusulas restritivas de concorrência e desviar recursos. A manobra causou favorecimento à empresa Engelplan, administrada pelo empresário André Luiz de Souza Cesarino que, que segundo os investigadores, tem ligação com funcionários da prefeitura de Patos. Ele ainda não comentou a operação.
A suspeita é a de que a Engelplan tenha diminuído o preço de sua proposta para vencer licitação. Após a vitória na disputa pelo contrato, a empresa teria sido beneficiada com aumento do valor através de aditivos. Em apenas um desses incrementos, o superfaturamento é estimado em 269 mil reais.
Nesta fase da investigação, a PF cumpre quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao empresário e à sua construtora. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), que também participa da ação, foram encontrados indícios da participação de novos agentes públicos nas irregularidades. Estão entre os investigados o secretário de Obras da prefeitura, José do Bomfim Junior, e a presidente da comissão de licitação da prefeitura, Mayra Fernandes.
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