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O que se sabe sobre a operação da PF contra suposto plano terrorista no Brasil

Governo de Israel sustenta que a Mossad ‘e outras agências de segurança internacionais’ teriam conseguido evitar um ataque no País

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira 8 uma operação para interromper supostos “atos preparatórios de terrorismo”. A operação, denominada Trapiche, pretendia “obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no País”.

Agentes cumpriram dois mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão, em Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal. As duas prisões foram realizadas em São Paulo, uma delas no Aeroporto de Guarulhos.

Segundo a PF, os recrutadores e os recrutados devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo, cujas penas máximas, somadas, chegam a 15 anos e 6 meses de reclusão.

Na tarde desta quarta, o governo de Israel divulgou uma nota na qual afirmou que a Mossad, agência de inteligência estrangeira do país, apoiou a ação da PF no Brasil. Os alvos seriam pessoas supostamente ligadas ao grupo libanês Hezbollah, financiado pelo Irã.

O comunicado sustenta que a Mossad “e outras agências de segurança internacionais” teriam conseguido evitar um ataque terrorista no Brasil “que estava sendo planejado pela organização terrorista Hezbollah, direcionada e financiada pelo regime do Irã”.

Os investigadores da PF ainda não confirmaram os nomes dos presos, mas indicaram que o grupo investigado planejava promover atentados contra sedes de comunidades judaicas no Brasil. A corporação também não se manifestou sobre a informação de que outros países colaboraram com a Operação Trapiche.

Durante um evento no Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), exaltou a operação deflagrada pela PF, mas não forneceu detalhes sobre as diligências.

“Hoje mesmo a Polícia Federal está realizando uma investigação em torno da hipótese de uma rede terrorista buscando se instalar no Brasil. A Polícia Federal está investigando e mostrando que, neste caso, nós só temos um lado: é o lado da lei, dos compromissos internacionais que o Brasil assumiu”, declarou o ministro.

O Consulado Geral de Israel em São Paulo agradeceu às autoridades brasileiras pela ação. “Esta é mais uma tentativa do Irã —através do Hezbollah e de suas forças associadas (Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica e da Força Quds)— de expandir sua influência global, incluindo na América do Sul, como uma base avançada para atividades terroristas no continente”, diz uma nota da representação.

De acordo com a GloboNews, a Interpol foi acionada para o cumprimento da ordem de prisão contra mais dois brasileiros que estão no Líbano e são suspeitos de envolvimento com o planejamento de atos de terrorismo no Brasil. Os dois teriam dupla nacionalidade.


O que é o Hezbollah?

Trata-se de um grupo xiita libanês apoiado e financiado pelo Irã. Sem o Irã, não haveria o Hezbollah, e o grupo nunca escondeu essa relação.

O Hezbollah tem muito poder no Líbano: é ao mesmo tempo um partido político, um grupo paramilitar e uma organização de assistência social.

O braço político está representado no Parlamento libanês, onde é uma das principais forças. O braço social garante ao grupo apoio entre boa parte da população. Já o braço paramilitar é uma milícia maior do que as Forças Armadas libanesas. Por tudo isso, o Hezbollah é muitas vezes chamado de um Estado dentro do Estado no Líbano. E ele tem um inimigo principal declarado: Israel, que pretende destruir.

Partes do Hezbollah, ou mesmo todo o grupo, são consideradas uma organização terrorista por muitos países, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a Alemanha. Entre vários outros ataques, o grupo é acusado pelo atentado terrorista a um centro comunitário judaico na Argentina, em 1994, que matou 85 pessoas.

O Hezbollah foi fundado no início dos anos 1980, com o apoio do Irã. O objetivo era expulsar as tropas israelenses que haviam invadido o sul do Líbano na luta contra guerrilheiros palestinos. Desde essa origem, o Hezbollah vende a ideia de que lidera a resistência contra a opressão imperialista. Por isso o forte discurso anti-israelense, antissionista e antiamericano e o posicionamento como defensor dos oprimidos pelo imperialismo colonial.

O grupo é na prática um meio para os iranianos ganharem importância estratégica no Oriente Médio.

(Com informações da Deutsche Welle)

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