A solução – e o que deu errado – durante a crise entre o governo Lula e as Forças Armadas

Segundo Eugênio Aragão, ex-ministro da Defesa, as tentativas anteriores de aproximação com os militares, baseadas no diálogo, foram inócuas

Lula durante encontro com Novo Comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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A crise de relacionamento entre o governo do presidente Lula (PT) e as Forças Armadas só foi resolvida após a mudança no comando do Exército. A avaliação é do ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão.

De acordo com o advogado, as tentativas anteriores de aproximação com os militares, baseadas no perfil moderado do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, foram inócuas.

“[Múcio] É uma pessoa que está fora de contexto dos partidos progressistas, portanto conservador, e capaz de conversar com esses militares com tendências golpistas”, disse Aragão em conversa com CartaCapital. “Foi uma tentativa válida, mas infelizmente não funcionou”.

Na conversa, o ex-ministro, que fez parte da coordenação jurídica da campanha de Lula à presidência, confirmou que na transição do governo houve “nítida recusa dos militares de conversar”.

“Então, Múcio foi quem o Lula escolheu por ter interlocução com esses militares”, lembra.

Para o advogado, Lula só impôs sua autoridade sobre as Forças Armadas quando substituiu o general Júlio César de Arruda pelo novo comandante do Exército Tomás Ribeiro Paiva.


“O presidente só conseguiu colocar ordem na casa no momento em que deu um claro sinal ao substituir o comandante do Exército”, contou. “O que fica como recado para os demais comandantes”.

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1 comentário

Paulo Roberto Isaías 26 de janeiro de 2023 12h30
Ficou claro que o Gen. Arruda ameaçou o então Secretário de Segurança quando falou pra ele que ele desconhecia que a tropa do Exército era superior a da PMDF, quando impediu a desocupação do acampamento em frente ao quartel de Brasília ou esse fato não foi verdade?. Foi veiculado que o Ministro Flávio Dino também foi desafiado pelo General Arruda ou também isso não ocorreu?. O Exército permitiu ou patrocinou todos os acampamentos que pediam a intervenção federal pelo Exército contra a permanência do Presidente eleito. Esse fato tem de ser investigado a fundo. É inusitado que sejam permitido esses acampamentos em área de segurança dos quartéis, sabendo todos que uma simples passagem de um transeunte sempre foi impedida em frente a prédios das Forças Armadas. É, repetimos, muito importante que sejam identificados quem do Exército permitiu ou incentivou esses acampamentos que pediam golpe contra a Constituição Federal. Isso é crime e os responsáveis têm de ser identificados, investigados e processados, com amplo direito de defesa.

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