Política

O que quer o governo?

Entre palavras e ações, a prática é o critério da verdade

Aceitem de uma vez por todas que não há nada de progressista nesse governo
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Temos assistido a tudo o que resta de discurso de esquerda no PT e no Governo Federal: a base governista grita pela necessidade de uma reforma tributária com aumento de impostos sobre heranças e implementação do Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF), em contraposição a isenção de impostos sobre o consumo, etc. 

A base governista se inflama para defender a nossa democracia (ainda em construção) contra o golpismo perpetrado pelo que há de mais podre no nosso cenário político. Igualmente inflamada, faz da defesa da presunção de inocência e das garantias constitucionais um dos seus principais argumentos contra o juiz Sérgio Moro, argumento justo, porém, esquecido quando a polícia entra nas favelas com “mandados de busca coletivos”, prende Rafael Braga o mata o pedreiro Amarildo.

Os discursos de esquerda e progressistas revivem espasmodicamente nas gargantas dos governistas quando são necessários pela conjuntura política ou em época de campanha. Contudo, com o país assolado por uma séria crise econômica e outra no seio do Congresso Nacional, o petismo segue contrariando suas próprias palavras e cede aos mercados (especialmente ao financeiro especulativo) e à oposição de direita.

As pressões dos mercados deixam o governo atônito; as pressões da oposição de direita e do PMDB deixam o governo com medo. Dessa vez, querem encampar uma agenda elaborada por Renan Calheiros, denominada “Agenda Brasil”, com pautas absolutamente reacionárias, violadoras dos direitos humanos e que favorecem quase que exclusivamente o grande capital, sendo ineficiente para a recuperação da nossa economia.

Ora, se tudo é cedido e entregue, o golpe já foi dado. Ou, pior, aceitem de uma vez por todas que não há nada de progressista nesse governo. Governo, aliás, fruto de um presidencialismo de coalizão composto não só pelo PT, mas também por PMDB, PSD, PP, seus satélites e, até ontem, pelo PDT. Todos igualmente responsáveis pelas causas e consequências dessa tempestade.

Tod@s sabem que faço oposição programática de esquerda e repudio qualquer tentativa de quebra da nossa ordem constitucional (especialmente com esse Congresso!) ou mesmo qualquer espécie de “impeachment paraguaio”, mas, é preciso ter a sobriedade de reconhecer no PT a incapacidade de materializar aquilo que outrora foi a nossa chance de construção do poder popular — ou algo próximo a isso.

Reconhecemos alguns pontuais e importantíssimos avanços dos últimos anos, na era Lula, mas ou os petistas saem da defensiva com a audácia de romper esse ciclo para avançar mais e melhor, ou sucumbiremos tod@s nós diante da pressão dos achacadores da República.

Mesmo incrédulo, mas cumprindo o papel de oposição programática e de esquerda, exorto o governo e o PT a considerar as alternativas apresentadas pelo PSOL e pelos movimentos sociais para que o Brasil supere as crises.

É possível!

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