Política
O que preocupa os senadores aliados de Bolsonaro na CPI da Covid
Nesta terça-feira 4, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e Nelson Teich serão os primeiros a serem ouvidos pelos membros da Comissão
Senadores aliados do presidente Jair Bolsonaro temem que os depoimentos dos ex-ministros da Saúde na CPI da Covid virem uma “ação orquestrada” contra o governo.
Nesta terça-feira 4, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e Nelson Teich serão os primeiros a serem ouvidos pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ações e omissões da gestão federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
A convocação dos ex-ministros atendeu a uma série de requerimentos do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), do vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e do suplente Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
De acordo com os parlamentares, os depoimentos devem ajudar a esclarecer se o Brasil poderia ter tomado outro rumo no combate à Covid-19.
“O senhor Luiz Henrique Mandetta foi exonerado do cargo de ministro da Saúde justamente por defender as medidas de combate à doença recomendadas pela ciência. O presidente defendia mudanças nos protocolos de uso da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus, mas o Nelson Teich era contra. Infelizmente, sabemos o rumo que a gestão da pandemia tomou no País”, escreveu Randolfe nos pedidos.
Mandetta foi demitido do cargo no dia 16 de abril de 2020. À época, o Brasil registrava 1.924 mortes por Covid-19. O substituto, Teich, permaneceu menos de um mês no Ministério.
Para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), próximo a Bolsonaro, “não dá para fazer uma investigação ouvindo apenas um lado”.
“É preciso ouvir quem acusa e quem defende, ou não se trata de uma investigação e sim de uma conspiração, uma ação orquestrada contra o governo”, afirmou o parlamentar em áudio enviado a CartaCapital.
À TV Senado, Rogério acrescentou que os questionamentos feitos pelos membros da CPI se limitem à gestão de cada depoente.
“Ele deve se limitar ao período em que cada gestor esteve à frente da pasta. Não cabe aqui analogia, não cabe aqui visão do que faria se lá estivesse nesse novo momento. O que nós queremos saber é o que fez, como fez e porque fez cada gestor no momento em que esteve à frente a pasta da Saúde. Dizer que esses depoimentos podem trazer revelações surpreendentes é desconhecer como funciona o sistema público. Os atos são públicos”, afirmou.
A posição do senador de Rondônia converge com a de colegas classificados como aliados do presidente. Com ele, formam o grupo Eduardo Girão (Podemos-CE), Jorginho Mello (PL-SC) e Ciro Nogueira (PP-PI).
“A CPI já começou equivocada com flagrante conflito de interesse entre relator que tem filho governador que é alvo do escopo de investigação”, acusou Girão em entrevista ao UOL na segunda-feira 3.
Ainda nesta semana, na quarta-feira 5, será a vez do general Eduardo Pazuello, que esteve por mais tempo no comando da pasta desde que a pandemia começou, depor na Comissão.
Já o atual ministro, Marcelo Queiroga, falará na quinta-feira 6, mesmo dia em que está agendada a oitiva do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres.
Todos vão comparecer ao Senado na condição de testemunhas.
Novos depoimentos
A CPI da Covid pode votar, logo após o depoimentos desta terça, a convocação de ministros de outras pastas, governadores e prefeitos.
Os senadores já sugeriram a convocação dos ministros da Economia, Paulo Guedes, da Defesa, Walter Braga Netto, da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, e da Justiça, Anderson Barros. Há, ainda, requerimentos para a convocação do ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e do atual chanceler, Carlos Alberto Franco França.
Os membros da Comissão podem votar ainda a convocação dos governadores João Doria (São Paulo), Wilson Lima (Amazonas), Rui Costa (Bahia) e Hélder Barbalho (Pará). Wellington Dias (Piauí) é convidado como representante do Fórum de Governadores.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.