Política
O que o governo Lula pode oferecer a Castro na segurança, segundo Lewandowski
De acordo com o ministro da Justiça, o presidente ficou ‘estarrecido’ com o número de mortes
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, confirmou que irá ao Rio de Janeiro nesta quarta-feira 29, a mando do presidente Lula (PT), para se reunir com o governador Cláudio Castro (PL) e discutir a operação contra o Comando Vermelho realizada na terça-feira. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, estará no encontro.
Pouco antes, Lewandowski e Rodrigues estiveram com Lula, em agenda da qual também participaram os ministros Rui Costa, da Casa Civil; Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Internacionais; Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos; e Anielle Franco, da Igualdade Racial.
A operação de terça-feira causou pelo menos 132 mortes na capital fluminense, segundo cálculos da Defensoria Pública estadual.
Questionado em coletiva de imprensa sobre o que o governo federal pode oferecer prontamente ao Rio, Lewandowski afirmou ter disponibilizado vagas no sistema federal de alta segurança para a transfereência de lideranças de facções criminosas. Mencionou também a disposição de colaborar com o envio de peritos criminais e médicos legistas e citou um banco de dados de DNA “muito bem operado pela PF”, a fim de elucidar as mortes da ação policial.
“É claro que vamos ouvir o governador e saber do que ele precisa. Podemos eventualmente aumentar os contingentes da Força Nacional, que já está lá desde 2023”, acrescentou. Segundo ele, a PF já desmontou quadrilhas do tráfico de drogas e de armas, além de uma fábrica de fuzis.
Lewandowski ainda destacou a presença da Polícia Rodoviária Federal no Rio e levantou a possibilidade de ampliar o número de agentes no estado. Reforçou, porém, não haver uma “bala de prata” para resolver o problema.
Após se reunir com Lula em Brasília, o ministro declarou que o presidente ficou “estarrecido com o número de ocorrências fatais” e surpreso com o fato de uma operação dessa envergadura ter ocorrido, segundo ele, sem o conhecimento do governo federal, que poderia ter colaborado com informações e apoio logístico.
Questionado sobre a possibilidade de Lula decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem no Rio, Lewandowski disse que primeiro teria de haver uma solicitação de Castro.
“Não é uma ação espontânea do presidente”, destacou. “O governador precisa reconhecer a incapacidade das forças locais de enfrentar esta turbulência, esta ameaça à segurança pública. É uma medida excepcionalíssima.”
Se Castro, porém, pedir a GLO, a decisão será de Lula, enfatizou. “Esta hipótese não foi abordada porque não se colocou na mesa a questão. Não houve pedido.”
Ricardo Lewandowski se referiu à operação, por fim, como “extremamente cruenta e violenta”, e ressaltou ser necessário “pensar se esse tipo de ação é compatível com o Estado Democrático de Direito”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Por que o governo Lula resiste a decretar GLO no Rio de Janeiro
Por Vinícius Nunes
Defensoria Pública critica aumento da letalidade policial no Rio
Por Agência Brasil
Governadores de direita articulam ‘gabinete paralelo’ de segurança após operação no Rio
Por Vinícius Nunes



