Política
O que Lira e Alcolumbre têm a ver com a permanência de Sabino e Fufuca no governo Lula
Mesmo sob pressão de seus partidos, os ministros do Esporte e do Turismo seguem no cargo, sob influência de dois dos principais articuladores do Congresso


A resistência de Lula (PT) em substituir André Fufuca (PP-MA) e Celso Sabino (União-PA), ministros do Esporte e do Turismo, vai além de um simples gesto de governabilidade. Reflete também o peso político de Arthur Lira (PP-AL) e Davi Alcolumbre (União-AP), e o quanto o Planalto depende da boa vontade desses articuladores para manter o Centrão em compasso de colaboração.
O presidente tem apostado em acordos pessoais ao invés de compromissos com partidos, garantindo que ambos continuem atuando como aliados, e não obstáculos, à estabilidade de seu governo.
Mesmo sem o comando formal da Câmara, Lira segue influenciando a ocupação de espaços no governo. Fufuca, seu aliado, foi uma das indicações do PP aceitas por Lula em 2023 e se tornou um dos principais canais do Planalto com a bancada do PP e parlamentares do Nordeste. Também atua diretamente na articulação de pautas econômicas e fiscais e participa com frequência das agendas do presidente. Por isso, o governo não deve abrir mão dele, mesmo sob a pressão crescente do PT.
Na quarta-feira 8, o PP, sob o comando de Ciro Nogueira, afastou Fufuca da direção estadual no Maranhão e estabeleceu prazo para que ele deixasse o ministério, mas o ministro segue amparado por Lula e por aliados no Congresso. No Planalto, sua permanência é vista como um gesto que reafirma o compromisso do presidente com os acordos feitos com Lira e, ao mesmo tempo, mantém uma ponte aberta com o Centrão.
Situação semelhante enfrenta Celso Sabino, visto como um elo estratégico com a bancada paraense e com o Norte do País. Embora não tenha sido uma indicação direta, sua nomeação contou com a articulação decisiva de Davi Alcolumbre, que operou nos bastidores para viabilizar a composição política que o levou ao ministério.
Sabino foi afastado do comando do União Brasil no Pará e responde a um processo de expulsão conduzido pela direção nacional, após se recusar a deixar o governo. Apesar disso, mantém o apoio da maioria da bancada do partido na Câmara, que enxerga vantagem em preservar a interlocução com o Planalto.
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