Política

O que diz Flávio Bolsonaro sobre uma possível prisão do pai

Senador disse não saber data do retorno de Bolsonaro ao Brasil, mas alega que estadia nos EUA não se trata de uma tentativa de fuga

Jair e Flávio Bolsonaro. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou não ver motivos para que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seja preso caso retorne ao Brasil. Para ele, a possibilidade de detenção do ex-capitão só existe se alguém poderoso fizer de forma ilegal, algo que, na sua visão, geraria consequências inimagináveis. As declarações foram dadas em entrevista ao site Poder360.

“Não temos medo de nada. Ele não cometeu nenhuma ilegalidade, nenhum crime”, destaca Flávio ao ser questionado sobre a possibilidade de prisão do pai.

O senador defende, porém, que o temor de aliados se deve ao fato de que alguém – ele não cita nomes – estaria criando um contexto de censura no País. A afirmação soa como uma indireta ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal,  constantemente acusado pela extrema-direita de cercear a liberdade de expressão.

“Muitos parlamentares têm medo de subir na tribuna e defender o que acreditam pela reação de algumas autoridades do Judiciário de censurar, punir. Isso não é um Estado democrático de direito. Alguma coisa não está normal. Fico impressionado que algumas pessoas acham que vivemos um momento de democracia plena”, avalia o senador.

“Esse contexto gera a narrativa de que Bolsonaro pode ser preso ou se tornar inelegível. Não vai, a não ser que seja a vontade de alguém que tem tinta na caneta para fazer na mão grande, na ilegalidade”, destaca. “As consequências disso, só Deus sabe”.

Segundo defende Flávio, caso Bolsonaro seja preso – de forma ilegal, na sua visão – o político se tornaria um mártir, passando a ser o maior cabo eleitoral do Brasil, capaz de eleger qualquer figura.

“Acho que seria uma burrice [prender Bolsonaro]. Se vão para uma agressão ao Estado democrático de direito tendo como vítima o Jair Bolsonaro vão criar um grande mártir, vitimizar uma pessoa boa, que passou 4 anos sem denúncias de corrupção”, argumenta. “No [governo] Lula, já há 3 ministérios alvo de problemas criminais. Qualquer coisa que fizerem, vão transformar Bolsonaro em uma pessoa muito mais forte. O brasileiro se identifica com quem está sendo vítima de alguma injustiça. Não acredito que isso vá acontecer, nem a prisão, nem a inelegibilidade”.

Ele argumenta que a força política de Jair seria ampliada na cadeia, uma vez que a percepção seria de que ele foi colocado atrás das grades apenas para impedir sua vitória nas eleições. A declaração remonta a situação vivida por Lula em 2018, quando era apontado como favorito na corrida eleitoral, mas foi preso em um processo posteriormente anulado por parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro. Flávio, porém, nega a comparação.

“A população perceberia que estão tirando a chance de alguém com muita possibilidade de ser o próximo presidente porque algumas pessoas não querem. Que país é esse que algumas pessoas se acham no direito de decidir pelo eleitor? […] Esse tipo de coisa se resolve nas urnas. Inelegível, ele será o maior cabo eleitoral do Brasil”, questiona.

Sobre a comparação com a situação vivida por Lula, diz: “Eu acho que ele cometeu vários atos de corrupção. […] Eu acho que houve um problema processual da vara de Curitiba, que veio à tona por um vazamento ilegal de informações. Mas a vontade de trazer Lula de volta à cena política era tão grande que uma coisa que nunca foi admitida no Direito, usar provas ilícitas para condenar ou absolver alguém, foi usada e ele voltou à cena do crime, nas palavras do Geraldo Alckmin”.

Já sobre a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos, apontada como uma tentativa de fuga da possível prisão, Flávio nega. Ele alega que o ex-capitão estaria apenas descansando e que, por isso, ainda não há previsão de retorno ao Brasil.

“Acredito que nem ele tem a resposta [de quando voltar]. Ao contrário das narrativas que tentam criar, ele não está se escondendo, fugindo”, argumenta em favor do pai. “[Mas] Fico feliz por tanta gente perguntar quando ele volta, quer dizer que estão com saudade. Torço para que muito em breve ele volte”.

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