Política

O que Alckmin e Temer têm a ganhar e a perder com uma aliança?

[vc_row][vc_column][vc_column_text] Tucano e presidente conversaram recentemente e projetam encontro para tratar de eleições. Uma aproximação vale a pena para ambos? [/vc_column_text][vc_empty_space][vc_column_text] Geraldo Alckmin manteve distância de Michel Temer desde sua ascensão ao poder. Defendia as reformas neoliberais do emedebista, mas integrava a ala que pressionava […]

Alckmin pode se beneficiar da máquina do MDB, mas terá um cabo eleitoral nada popular (Foto: Beto Barata / PR)
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Tucano e presidente conversaram recentemente e projetam encontro para tratar de eleições. Uma aproximação vale a pena para ambos?

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Geraldo Alckmin manteve distância de Michel Temer desde sua ascensão ao poder. Defendia as reformas neoliberais do emedebista, mas integrava a ala que pressionava pela saída do PSDB da base do governo após o escândalo da delação da JBS. Estacionado nas pesquisas eleitorais, o presidenciável tucano aceitou, porém, conversar com Temer sobre uma possível aliança entre o MDB e seu partido.

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Alckmin e Temer conversaram ao telefone na quinta-feira 3. Apesar de tratativas iniciais, um encontro formal ainda não tem data marcada, mas pode ocorrer nos próximos dias. Em entrevista ao SBT que foi ao ar neste domingo 6, Temer admitiu abrir mão de sua candidatura para ter um postulante de “centro” fortalecido. “Se nós quisermos ser centro, não podemos ter sete ou oito candidatos”, afirmou. No ninho tucano, o gesto em favor de uma “ponte para o futuro” com o emedebista veio de Pérsio Arida, coordenador do programa econômico de Alckmin.

O ex-integrante da equipe econômica do Plano Real afirmou ao jornal Folha de S.Pauloque a retomada econômica no País é lenta, mas ocorre em parte como “resultado de reformas e boas políticas do atual governo”. O elogio é seguido de uma alfinetada. “Não estou aqui em defesa do governo Temer”, garante Arida. “Mas ele nunca foi um presidente eleito. Ou seja, não teve o capital político que um presidente eleito tem, e isso faz enorme diferença.”

As declarações públicas de ambos os lados confirmam o esforço nos bastidores para aparar arestas entre Alckmin e Temer.

Não se sabe ainda se a aproximação pode consolidar uma chapa única entre MDB e PSDB já no primeiro turno, ou se haverá um acordo para uma aliança caso o presidenciável tucano chegue ao segundo. Por ora, o cálculo de ambos deve ser o mesmo: o que cada um tem a ganhar e a perder com um acordo?

Vantagens e desvantagens para Alckmin

A mais evidente vantagem para Alckmin é usufruir da máquina partidária do MDB. Com seis governadores, o partido de Temer é o que mais possui capilaridade no País, importante para o fortalecimento do tucano nos palaques estaduais. É também a legenda que detém a maior fatia prevista para este ano do fundo eleitoral: 234,3 milhões de reais. Uma aliança no primeiro turno também garantiria mais 1 minuto e 26 segundos de tempo de televisão para o tucano. O PSDB tem direito a 1 minuto e 18 segundos.

A capilidaridade do MDB tem, porém, de ser contrastada com os péssimos índices de popularidade do atual presidente. Na última pesquisa datafolha, a aprovação do emedebista foi de 6%, mesmo número medido em levantamento de janeiro do instituto. Quase três quartos da população consideram seu governo ruim ou péssimo. O pior dado para Alckmin é a péssima performance de Temer como cabo eleitoral. De acordo com a pesquisa, 86% dos entrevistados afirmaram que não votariam em um nome apoiado pelo atual presidente.

Caso feche uma aliança, Alckmin ainda teria de explicar por que manteve tanta distância de Temer durante seu governo, enquanto correligionários como Aécio Neves, José Serra e Aloysio Nunes Ferreira fecharam com o emedebista.

Vantagens e desvantagens para Temer

A princípio, Temer parece ter mais a ganhar do que Alckmin com uma aproximação. Enquanto tem apenas 2% de intenções de voto, o tucano chega a registrar 8% no melhor cenário. O ministro da Fazenda do emedebista, Henrique Meirelles, também está estacionado em 1%.

Caso consiga costurar a aliança, o emedebista contaria com um candidato menos impopular para defender o legado de seu governo.

A máquina partidária do PSDB também não é de se jogar fora.

O tucano, porém, está longe de ser um dos favoritos no momento a vencer a disputa. Sequer lidera as intenções de voto para a Presiência em São Paulo. Se Alckmin ficar de fora do segundo turno, a estratégia seria um fracasso.

A tentativa de se aproximar do tucano pode ainda beneficiar Temer em seu objetivo de fugir da Justiça. Alvo de duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República após a delação da JBS e investigado por seu envolvimento em negociatas no setor portuário, Temer perderá o foro privilegiado em 2019 e poderá ser alvo da primeira instância nesses casos.

O risco de Temer entrar na mira da Lava Jato em 2019 é grande. De acordo com informação divulgada nesta segunda-feira 7 pela jornalista Mônica Bergamo, procuradores já discutem que medidas cautelares serão adotadas contra o emedebista após ele perder o foro.

Caso Alckmin consiga decolar e se tornar presidente ao fim da disputa, Temer poderia barganhar um cargo em um eventual governo tucano.

Mesmo que o tucano não se eleja, a costura poderia servir também para Temer pleitear o cargo de secretário em alguma administração estadual aliada. Por exemplo: o ex-prefeito João Doria, que sempre manteve relações cordiais com Temer, é o favorito por ora na disputa ao governo de São Paulo.

Como ministro ou secretário, Temer garantiria, segundo as regras atuais, a manutenção do foro mesmo para crimes anteriores ao mandato. Em decisão recente, o Supremo Tribunal Federal decidiu que deputados e senadores devem ser julgados pela primeira instância caso respondam por um delito estranho ao cargo atual, mas não se posicionou sobre a manutenção do benefício a ministros de estado, magistrados de Cortes superiores e também a cargos estaduais e municipais, como governadores, secretários e prefeitos.

Se Temer quer buscar um cargo público para manter o foro, ele precisará, porém, convencer Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Há relatos de que o DEM, seu partido, não gostou da aproximação do emdebista com Alckmin.

Após a decisão do STF de restringir o foro para parlamentares federais, Maia instalou uma comissão para discutir a limitação do privilégio a outras autoridades. O texto proposto pelo senador Alvaro Dias, pré-candidato à Presidência pelo Podemos, determina que ministros de Estado, governadores e senadores, entre outras autoridades, também percam o benefício. É um projeto difícil de ser aprovado: como toda emenda à Constituição, depende dos votos de 308 deputados.

Se o objetivo de Temer é encontrar uma solução política para escapar de denúncias, ele terá de combinar com Alckmin e Maia. Resta saber se vale a pena para ambos abraçarem um dos piores cabos eleitorais do País, sob o risco de serem contagiados pela impopularidade do atual presidente.

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