Política

O que a PF soube com antecedência sobre operação no Rio, segundo diretor-geral

De acordo com Andrei Rodrigues, o fluxo não seguiu os processos de atuação da corporação

O que a PF soube com antecedência sobre operação no Rio, segundo diretor-geral
O que a PF soube com antecedência sobre operação no Rio, segundo diretor-geral
Brasília (DF), 20/04/2023 - O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, durante entrevista coletiva sobre a Operação Escola Segura. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira 29 que a superintendência da corporação no Rio de Janeiro chegou a ser contatada por áreas operacionais de forças de segurança estaduais sobre uma grande operação a ser realizada na capital fluminense. Ao analisar o planejamento da ação, contudo, entendeu que o fluxo não seguia os processos de atuação da PF.

“Não fomos comunicados que seria deflagrada neste momento. Houve contato anterior, do pessoal da inteligência da PM com o nosso pessoal no Rio, para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto”, explicou o chefe da PF. “A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse.”

Andrei concedeu as declarações após participar de uma reunião de emergência sobre a megaoperação no Rio. A ação mirou líderes do Comando Vermelho e deixou mais de 130 mortos, tornando-se a mais letal da história.

“O colega do Rio de Janeiro informou em seu contato operacional que a PF segue seu trabalho de investigação, de polícia judiciária, fazendo seu trabalho de inteligência, mas que naquela operação — que era do estado, que tinha mais de 100 mandados para cumprir — não teríamos atribuição legal para participar e, portanto, não fazia sentido nossa participação.”

Andrei integra a comitiva do governo federal que irá ao Rio para uma reunião com o governador Cláudio Castro (PL). Também farão parte do grupo os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos.

No momento em que o Rodrigues relatava a comunicação com os órgãos locais, Lewandowski o interrompeu para ressaltar que a comunicação nesses casos tem de ocorrer pelos níveis superiores das autoridades. “Uma operação desse nível não pode ser acordada entre o segundo ou o terceiro escalão. Se fosse uma operação que exigisse a interferência do governo federal, o presidente da República deveria ser avisado, o vice-presidente — que estava respondendo —, o ministro da Justiça ou o próprio diretor-geral da PF.”

O chefe do Ministério da Justiça também disse que Lula ficou “estarrecido” ao saber do número de mortos na operação. “De certa maneira, se mostrou surpreso que uma operação dessa envergadura fosse desencadeada sem conhecimento do governo federal, sem possibilidade de o governo participar com os recursos que tem, com apoio logístico.”

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