O núcleo

Enquanto negocia com os partidos aliados, Lula anuncia a espinha dorsal do futuro governo

Haddad na Fazenda, Dino na Justiça - Imagem: Marcelo Camargo/ABR

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No domingo 11, Lula recebeu o desenho final, elaborado pela equipe de transição, dos cargos do futuro ministério. Uma das sugestões era a criação de uma secretaria especial de mudanças climáticas, posto ligado diretamente à Presidência, como passou a existir nos Estados Unidos com Joe Biden. “A autoridade sou eu”, reagiu o petista, ao rejeitar a sugestão. A ideia havia brotado durante a campanha e partiu da ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, que sonhava com a vaga. Marina Silva, outra ex da área, reconciliou-se com Lula ao longo do processo eleitoral e alimenta o desejo de voltar à pasta. As rivalidades entre ambas tornaram quase impossível a presença das duas simultaneamente no novo governo. “É uma ou outra”, diz uma testemunha dos acontecimentos em Brasília. Como o presidente eleito sairá dessa?

No entorno, despontou uma solução surpreendente: entregar o comando do Meio Ambiente à senadora Simone Tebet. A decisão tiraria das costas do petista a obrigação de escolher ou Izabella ou Marina. E garantiria à emedebista um palco luminoso. Os ambientalistas aceitariam? A ex-presidenciável do MDB é ruralista. Nasceu e fez carreira política em um estado de tradição agrária, o Mato Grosso do Sul. Hoje em dia parece à vontade naquele figurino de certa direita, não só no Brasil, que abraçou a causa ambiental. Ao aderir a Lula na eleição, Tebet imaginava-se na área social. Mais especificamente, à frente do Bolsa Família. Sua ausência na diplomação do presidente eleito no Tribunal Superior Eleitoral, na segunda-feira 12, sugeria uma insatisfação com o espaço que lhe seria reservado. “Não façam tempestade onde não existe”, disse ela a CartaCapital um dia depois.

Mercadante venceu as resistências e levou o comando do BNDES – Imagem: Valter Campanato/ABR

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 18 de dezembro de 2022 04h24
O presidente eleito começou bem ao afirmar sua autoridade perante homens e mulheres que se digladiam pela distribuição do poder, pois ninguém melhor que Lula para impor sua chancela a sua marca na direção do governo que deve ter um caráter eminentemente social. A escolha do núcleo central deste governo com o triunvirato Fernando Haddad na Fazenda, Flávio Dino na Justiça e Aloisio Mercadante na presidência do BNDES já demonstra o tom moralizador e firme na esfera de combate à criminalidade do extremismo bolsonarista e endurecimento do desarmamento flexibilizado por Bolsonaro e desenvolvimentista com forte presença do Estado por parte dos ministérios do setor econômico e indutor de geração de empregos. Quanto às demais pastas, Lula deveria contemplar Simone Tebet e Marina Silva que o apoiaram politicamente e eleitoralmente na campanha, além de serem pessoas experientes nas pastas que almejam como a deputada do Acre e a senadora mato-grossense. Estamos numa fase pré-governo, Lula vai ter um governo de 37 ministérios, pelo menos, de modo a cumprir suas promessas de campanha a fazer um governo melhor que os anteriores e ainda ter que desfazer os males que Bolsonaro deixou como legado.

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