Política

Bolsonaro no ‘movimento populista global’ do ex-assessor de Trump?

Filho de presidenciável encontra-se com Steve Bannon, que rompeu com presidente dos EUA e passou a atuar principalmente na Europa

Filho de Bolsonaro afirmou que Bannon é entusiasta da campanha de seu pai Foto: Redes Sociais
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Em suas redes sociais, Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL, compartilhou uma publicação do deputado Eduardo Bolsonaro. O filho do presidenciável encontrou-se com Stephen K. Bannon, coordenador da vitoriosa campanha de Donald Trump nos Estados Unidos e ex-estrategista do presidente republicano na Casa Branca.

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“Conheci hoje Steve Bannon, estrategista da campanha de Trump”, anunciou o filho de Bolsonaro, ao publicar uma foto com Bannon. “Conversamos e concluímos ter a mesma visão de mundo. Ele afirmou ser entusiasta da campanha de Bolsonaro e certamente estamos em contato para somar forças, principalmente contra o marxismo cultural”.

Não seria uma surpresa se Bannon fosse um entusiasta da candidatura de Bolsonaro, embora essa informação tenha partido apenas do filho do presidenciável. O ex-estrategista de Trump na Casa Branca busca desenvolver o que chama de “movimento populista global” após deixar o cargo em agosto de 2017. 

Quando deixou o posto, Trump o agradeceu pelos serviços prestados. “Ele veio para minha campanha durante a disputa contra a corrupta Hillary Clinton — Foi ótimo! Obrigado, S.”, afirmou o presidente norte-americano em seu Twitter. 

Em janeiro, Trump mudou radicalmente o discurso, após a revelação de trechos de um livro de Bannon sobre seu período no governo dos EUA, chamado “Fire and Fury” (Fogo e Fúria, em tradução livre). Ele fez críticas à dificuldade do presidente norte-americano em acompanhar assuntos complexos, considerou “antipatriótica” uma reunião com um grupo de russos nas Trump Towers durante as eleições e ainda chamou Ivanka Trump, filha do mandatário norte-americano, de “burra como uma porta” (dumb as a brick). 

Em resposta, Trump afirmou: “Quando ele foi demitido, ele não apenas perdeu seu emprego, perdeu sua cabeça.” Ele disse ainda que o ex-estrategista e coordenador de sua campanha “não tem nada a ver comigo ou com a Presidência”.

Após deixar a Casa Branca, Bannon assumiu a direção do Breitbart News, um império de comunicação de extrema-direita nos Estados Unidos. Ele deixou o cargo pouco após a polêmica em torno de seu livro, e passou a ser evitado pelos apoiadores de Trump no Partido Conservador. 

Enfraquecido nos Estados Unidos, Bannon passou a voltar sua atenção à Europa. “Tudo que estou tentando ser é a infraestrutura, globalmente, para o movimento populista global”, disse em entrevista de março deste ano ao jornal The New York Times. 

Naquele mês, ele participava de uma conferência da extrema-direita na França, a convite da líder reacionária Marine Le Pen. A reportagem do New York Times indicava que um de seus principais alvos era a Itália, onde parlamentares de extrema-direita e populistas receberam mais de 50% dos votos no País nas eleições de março. Ele foi pessoalmente à Itália, segundo a reportagem, para articular uma rede de políticos, operadores e investidores em favor de partidos como a Liga Norte, do direitista Matteo Salvini. 

Ao NY Times, Bannon disse ouvir de populistas pela Europa o desejo de terem um império de comunicação como o ultraconservador Breitbart News. Ele afirmou que a “fase dois” para garantir o sucesso de candidaturas anti-establishment era justamente a consolidação de sites e mídias de extrema-direita como o Breitbart em outras línguas.   

Bannon ainda não chegou a demonstrar publicamente um interesse especial na candidatura de Bolsonaro, mas seus métodos são sem dúvida uma inspiração para o presidenciável. O Breitbart antes conduzido pelo ex-estrategista de Trump apega-se a teorias da conspiração e publica ataques aos democratas e à esquerda com frequência. Em suas redes sociais, Bolsonaro não deixa de ter seu próprio veículo de comunicação com características semelhantes, dada sua grande base de seguidores.

O filho de Bolsonaro buscou se aproximar de Bannon, mas estaria o ex-estrategista de Trump disposto a incluir o Brasil em seu plano de consolidar um “movimento populista global”?

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