O inverossímil Gilmar

'Se a história não era verdadeira, era ao menos verossímil', disse o ministro após a 1ª triangulação com a Veja e Demóstenes - e que beneficiou Daniel Dantas

O ministro do STF Gilmar Mendes. Foto: Antonio Cruz/ABr

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por Sergio Lirio

Na primeira vez que a triangulação Veja-Demóstenes Torres-Gilmar Mendes funcionou, coube ao então presidente do Supremo Tribunal Federal o papel mais absurdo. Veja divulgou um suposto grampo de ministros do STF e reproduziu uma irrelevante conversa entre Mendes e Torres como prova. Algo que poderia ter sido gravado por qualquer um dos dois ou simplesmente relatado ao repórter. O áudio da conversa nunca apareceu.

Por causa do suposto grampo, o ministro chamou o então presidente Lula “às falas”. O episódio resultou na demissão do delegado Paulo Lacerda da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e no posterior enterro da Operação Satiagraha, para a glória do banqueiro Daniel Dantas.

A Polícia Federal investigou a denúncia, fez uma varredura e não localizou nenhum grampo. Diante do fato, Mendes saiu-se com esta: “se a história não era verdadeira, era ao menos verossímil”. Romances e filmes de ficção costumam ser verossímeis. Mas até ai… Ficou tudo por isso mesmo.

Agora o ministro do Supremo reedita uma dobradinha com a Veja (desta vez não foi possível contar com os serviços do senador Torres, por motivos de força maior, como sabemos). Mendes acusa uma suposta pressão do presidente Lula para abafar o julgamento do mensalão. Dois participantes da reunião desmentem: o próprio Lula e o ex-ministro Nelson Jobim. São dois contra um.

E o que acontece? Na entrevista ao Jornal Nacional exibida na segunda-feira 28 (leia mais ), Mendes requebra no palavreado. Diz ter “inferido” que Lula queria pressioná-lo a tentar adiar o julgamento do mensalão. Registre-se: o ministro inferiu.


 

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