Economia
O incômodo de Lula com as críticas do PT ao arcabouço fiscal
Nos últimos dias, parlamentares da legenda chegaram a discutir emendas para flexibilizar as regras


A articulação de parlamentares do PT para alterar o texto do arcabouço fiscal, enviado pelo governo ao Congresso para substituir o teto de gastos, irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que escalou o deputado José Guimarães (PT-CE) para conter a oposição de parte da legenda à proposta.
Segundo aliados relataram a CartaCapital, o incômodo foi apresentado pelo presidente durante reunião no Palácio do Planalto na manhã desta segunda-feira 15.
Os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) participaram da reunião.
Nos últimos dias, integrantes da legenda chegaram a discutir a apresentação de emendas ao texto para evitar, por exemplo, que o marco fiscal limite investimentos em áreas consideradas essenciais. A movimentação, no entanto, foi vista com ressalva por Lula. O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, garantiu que a bancada não recomendará mudanças emendas no texto.
Durante o encontro, Lula chegou a dizer que “quem dá trabalho é a oposição, não o partido do presidente” e afirmou que não aceitará “racha no PT” logo no primeiro semestre no Palácio do Planalto.
O presidente ainda determinou que a articulação política do governo dialogue com legendas representadas na Esplanada, como MDB e União Brasil, para votar a favor da regra fiscal.
A expectativa é que o relator da proposta, deputado Cláudio Cajado (PP), apresente a versão final do texto durante reunião dos líderes partidários nesta segunda-feira. Na sequência, a tendência é de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), paute o projeto para votação no plenário da Casa ainda nesta semana.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Vamos deixá-lo no sal’: a revolta de bolsonaristas do PL com deputado por foto com Lula
Por CartaCapital
Brasil registra dois casos de gripe aviária no Espírito Santo
Por Wendal Carmo