Política

O impacto do vídeo que liga Bolsonaro a canibalismo na campanha de Lula

O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou a suspensão imediata da propaganda

Fotos: NELSON ALMEIDA e EVARISTO SA / AFP
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O uso da entrevista em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) cita canibalismo não foi unanimidade na campanha do ex-presidente Lula (PT). CartaCapital apurou que na sexta-feira 7 houve uma reunião interna para avaliar o impacto.

O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou no domingo 9 a suspensão imediata da propaganda por parte do PT. Na decisão, o magistrado destacou que a divulgação gera “alteração sensível do conteúdo original”.

“Na forma em que divulgadas as mencionadas falas do candidato Jair Messias Bolsonaro, retiradas de trecho de antiga entrevista jornalística, há alteração sensível do sentido original de sua mensagem”, escreveu o ministro. “Porquanto sugere-se, intencionalmente, a possibilidade de o candidato representante admitir, em qualquer contexto, a possibilidade de consumir carne humana, e não nas circunstâncias individuais narradas no mencionado colóquio, o que acarreta potencial prejuízo à sua imagem e à integridade do processo eleitoral que ainda se encontra em curso”.

A equipe jurídica de Bolsonaro entrou com uma nova ação no TSE nesta segunda-feira 10 em que solicita a suspensão de todas as propagandas do candidato petista na televisão até que se comprove a retirada do vídeo do ar.

Uma das justificativas é o potencial de alcance do vídeo. “Os Representados não só veicularam a inserção vedada, como intensificaram a exibição nos blocos de maior audiência no domingo, obtendo a melhor audiência para públicos de menor renda e menos escolarizados”, escrevem os advogados Tarcísio Vieira, Ademar Aparecido da Costa Filho, Eduardo Augusto Vieira de Carvalho e Marina Morais.

No vídeo, que é de uma entrevista feita em 2016, o hoje presidente relata que presenciou um episódio em que o corpo de um indígena foi cozido para alimentar a tribo.

“E daí eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: ‘se for, tem que comer’. Eu falei: ‘eu como’. Daí na comitiva, ninguém quis ir. ‘Vamos comigo lá’, mas ninguém quis ir. Daí, como na comitiva ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio… não queriam me levar sozinho lá. Aí não fui”, disse Bolsonaro. “Eu comeria o índio sem problema nenhum. É a cultura deles”.

No fim de semana, Lula chegou a comentar a decisão judicial e afirmou que as declarações do ex-capitão não podem ser consideradas fake news porque “não são invenção”.

“Colocamos uma entrevista do presidente. Não é uma mentira”, pontuou o ex-presidente. “É ele falando. Ele pensa assim”.

Em uma entrevista nesta segunda-feira a uma rádio do Rio de Janeiro, berço político de Bolsonaro, Lula não citou o caso e ainda disse que, ao menos nos debates, não haverá por parte de sua campanha “baixo nível e nem jogo rasteiro”.

Uma fonte ligada à campanha do ex-presidente afirmou à reportagem que conteúdos com o mesmo teor do vídeo do canibalismo só devem ser usados se as pesquisas indicarem alguma melhora de Bolsonaro. Levantamento do Ipec (ex-Ibope) divulgado após a veiculação da entrevista mostra que Lula tem 9 pontos percentuais de vantagem sobre Bolsonaro: 51% x 43% dos votos totais.

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