Política

O governo Temer revelou o nome do chefe da CIA no Brasil

Em agenda de Sergio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, Duayne Norman aparece como “chefe do posto da CIA no Brasil”

O governo Temer revelou o nome do chefe da CIA no Brasil
O governo Temer revelou o nome do chefe da CIA no Brasil
Etchegoyen recebeu visita "de cortesia" da CIA
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Responsável por toda a área de inteligência do governo brasileiro, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Sergio Etchegoyen, divulgou no último 9 de junho a identidade do chefe da CIA, a agência central de inteligência dos Estados Unidos, em Brasília. Informação tratada pelo governo norte-americano com o máximo sigilo, o nome do chefe da CIA na capital federal foi divulgado na agenda oficial de Etchegoyen, disponível para todos na internet.

A informação chegou ao público na segunda-feira 19, por meio de um tweet de João Alberto de Castro Alves, diretor para a América Latina do Eurasia Group, uma consultoria de risco político. Como mostrou o analista, no dia 9 Etchegoyen recebeu, às 15 horas, Duayne Norman, e o identificou como “chefe do posto da CIA no Brasil”.

A assessoria de imprensa da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil disse ter “conhecimento dos relatos”, mas, “por se tratar de uma questão política, não podemos confirmar ou negá-los”. Procurada por CartaCapital, a CIA não se manifestou. 

O GSI afirmou que a identificação de Duyane Norman foi feita por exigência da Lei da Acesso à Informação e que a visita se deu em caráter “de cortesia”, pois Norman está terminando seu período de trabalho no Brasil.

Há no LinkedIn, rede social voltada a relações profissionais, um perfil com o nome de Duyane Norman, identificado como morador de Brasília, funcionário do governo dos Estados Unidos e formação em artes e assuntos de América Latina na Universidade Vanderbilt, nos EUA. 

As repercussões da revelação para a carreira do agente podem ser drásticas. Nos EUA, a divulgação dos nomes de agentes secretos é crime federal. Um caso ficou famoso em 2003, no governo de George W. Bush, em meio à disputa política a respeito da invasão ao Iraque. Em um discurso, Bush afirmou que o então ditador iraquiano, Saddam Hussein, havia tentado comprar urânio, material usado na fabricação de armas nucleares, do Níger, país da África.

Após a invasão do Iraque, a afirmação foi questionada em uma série de artigos pelo diplomata Joseph C. Wilson. Na disputa que se seguiu, o nome da mulher de Wilson, Valerie Plame, foi revelado pela imprensa norte-americana, junto da informação de que ela era uma agente da CIA. Com a identidade revelada, a carreira de Plame como agente secreta da inteligência norte-americana acabou.

Mais recentemente, em 2010, a CIA retirou seu chefe em Islamabad, no Paquistão, Jonathan Banks, após seu nome aparecer em uma ação penal que buscava esclarecer o ataque de um avião não tripulado em uma área tribal do país. O vazamento do nome de Banks foi atribuído pelo governo dos EUA ao ISI, o serviço de inteligência paquistanês. 

Em 2011, após a ação que matou Osama bin Laden, o nome do homem que seria o substituto de Banks em Islamabad também foi revelado, ao que tudo indica pela inteligência paquistanesa. O nome não estava correto, mas a situação revelou a instabilidade nas relações entre os dois países.

O nome de Duyane Norman apareceu em uma outra agenda oficial do governo brasileiro, a do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, em 11 de julho de 2016. Duyane Norman e Joseph Direnzo aparecem como funcionários da CIA.

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