Criada há 70 anos, fruto de uma entusiasmada campanha nacionalista, a Petrobras ocupou desde o primeiro momento o centro da disputa pelos destinos do Brasil. A batalha entre os defensores de um projeto de desenvolvimento autônomo e os vendilhões do patrimônio público repetiu-se ao longo do tempo de várias maneiras, com o pêndulo a mover-se para um lado e para o outro, a depender das circunstâncias. Na mais recente versão dessa guerra “santa”, vitória da turma que sempre sonhou em subordinar a política interna aos interesses internacionais. A Operação Lava Jato e o golpe contra Dilma Rousseff pavimentaram a estrada para a ofensiva sem precedentes sobre a estatal, cujo desmonte recente ameaça agora o papel da empresa na transição sustentável, essencial ao País e ao planeta. A companhia resiste aos ataques, mas seu futuro depende do êxito no enfrentamento de um duplo e gigantesco desafio, o de reconstituir a estrutura dilapidada desde 2015 e converter-se em uma empresa de energia, não exclusivamente petrolífera.
A transformação só fará sentido, no entanto, se no processo a Petrobras cumprir uma missão fundamental, consolidar a autossuficiência na produção e no suprimento de produtos energéticos a preços finais acessíveis ao conjunto da sociedade, em especial aos menos favorecidos. É imprescindível ainda a rearticulação com a indústria doméstica, não só para suprir insumos à produção e combustíveis ao sistema de transporte, mas para retomar a tarefa de importante norteadora do desenvolvimento, por meio de estratégias, inovações, parcerias e encomendas ao parque produtivo local. É o que se espera da maior empresa do País, que constitui também uma das mais importantes demonstrações da capacidade de realização do seu povo, no mais alto nível e em consonância com os padrões internacionais.
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