O futuro é nosso?

Aos 70 anos, a Petrobras continua no centro do debate sobre o modelo de desenvolvimento do Brasil

Vargas e o ouro negro, início da eterna disputa nativa – Imagem: Arquivo/FGV/Petrobras

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Criada há 70 anos, fruto de uma entusiasmada campanha nacionalista, a Petrobras ocupou desde o primeiro momento o centro da ­disputa pelos destinos do Brasil. A batalha entre os defensores de um projeto de desenvolvimento autônomo e os vendilhões do patrimônio público repetiu-se ao longo do tempo de várias maneiras, com o pêndulo a mover-se para um lado e para o outro, a depender das circunstâncias. Na mais recente versão dessa guerra “santa”, vitória da turma que sempre sonhou em subordinar a política interna aos interesses internacionais. A Operação Lava Jato e o golpe contra Dilma Rousseff pavimentaram a estrada para a ofensiva sem precedentes sobre a estatal, cujo desmonte recente ameaça agora o papel da empresa na transição sustentável, essencial ao País e ao planeta. A companhia resiste aos ataques, mas seu futuro depende do êxito no enfrentamento de um duplo e gigantesco desafio, o de reconstituir a estrutura dilapidada desde 2015 e converter-se em uma empresa de energia, não exclusivamente petrolífera.

A transformação só fará sentido, no entanto, se no processo a Petrobras cumprir uma missão fundamental, consolidar a autossuficiência na produção e no suprimento de produtos energéticos a preços finais acessíveis ao conjunto da sociedade, em especial aos menos favorecidos. É imprescindível ainda a rearticulação com a indústria doméstica, não só para suprir insumos à produção e combustíveis ao sistema de transporte, mas para retomar a tarefa de importante norteadora do desenvolvimento, por meio de estratégias, inovações, parcerias e encomendas ao parque produtivo local. É o que se espera da maior empresa do País, que constitui também uma das mais importantes demonstrações da capacidade de realização do seu povo, no mais alto nível e em consonância com os padrões internacionais.

O slogan que marca a defesa do maior empreendimento tecnológico do País – Imagem: Arquivo/CNP

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5 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 8 de outubro de 2023 05h04
É mesmo importante que a Petrobras retome o seu papel desenvolvimentista no país se adaptando aos novos tempos de troca energética de geração de energia limpa. Que a Petrobras readquira as refinarias privatizadas a preço vil pelo governo anterior e que desenvolva tecnologia de modo a substituir combustível fóssil por energia eólica, solar, elétrica mesmo que mude o nome de Petrobras para Energibras. Parabéns pelos 70 anos e parabéns por ter sobrevivido por esses governos que tentaram destruí-la mas que resistiu até aqui. Temos a plena certeza que o governo Lula será o marco da transição energética que o Brasil e o mundo quer através da Petrobras e que sempre será uma das empresas que fará com que o país se torne mais desenvolvido e vetor de distribuição de riquezas para todos os brasileiros.
Wilson Roberto Barbosa Ramos 9 de outubro de 2023 18h44
Algumas medidas que poderiam ser estudadas e aplicadas: 1- centralizar a importação de combustíveis na Petrobras 2- arbitrar preço médio entre custo de importação e produção local 3- ampliar capacidade de refino nacional 4- parceria com setor privado nos investimentos em petróleo e refino com controle da Petrobras 5- capitalização e reinvestimento de lucro da Petrobras em energia limpa.
Paulo Cesar de Abreu Cobucci 9 de outubro de 2023 19h51
PCAC
José Carlos Gama 10 de outubro de 2023 21h05
Passados 70 anos da existencia da maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo a resposta sobre a afirmação o petróleo é nosso, com o tempo virou uma interrogação: O petroleo é nosso? agora perguntamos e exclamamos ao mesmo tempo o petroleo é nosso?! tem quem diga que é do capital externo conjuminado com o interno, mas eu digo que é da política, ela determina de quem é a petrobras se tiver certo, então, estamos a deriva - parece que é o caso.
Theo Wacker Afonso 10 de outubro de 2023 23h16
Várias empresas petrolíferas estão jogando contra a transição energética ao redor do mundo. A Petrobras não, porque é pública, então está investindo milhões na energia limpa. Quando quem manda é o dinheiro, quem paga é sempre o povo.

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