Política
O Foro e o Foro: Davos e Porto Alegre
A safra de ideias não é das melhores


Desde 1987, quando tomou o caráter de principal encontro público anual entre as elites políticas, financeiras e empresariais de todo o mundo, o Foro Econômico Mundial reúne-se pela 25ª vez em Davos, na Suíça. E pela 12ª vez, a contar de 2001, é acompanhado pela reunião do Foro Social Mundial no Hemisfério Sul e mais uma vez no seu berço, em Porto Alegre.
Desta vez, ambos parecem um tanto mais perdidos que o usual. Em Davos, governantes, banqueiros e grandes empresários tentam disfarçar o fiasco do projeto neoliberal e sua incapacidade de se entenderem para formular uma maneira de tirar o Hemisfério Norte da rota de uma concordata mútua, geral e irrestrita para a qual caminham EUA, União Europeia, Japão e agregados. E os 99% que a crise deixa sem perspectivas mostram cada vez menos paciência para com a arrogante incompetência do 1%, ou menos, que os dirige.
A estrela dessa reunião é Angela Merkel. E tudo que tem a dizer é que a Grécia provavelmente vai quebrar, mas a Alemanha nada mais oferece nem acredita em aumentar os fundos de resgate, embora continue a cobrar das nações europeias que entreguem o controle dos seus gastos à União Europeia – quer dizer, aos técnicos escolhidos pela Alemanha. Um balde de água fria nas esperanças da elite de ver uma luz no fim do túnel. O governo dos EUA, em campanha para reeleger Barack Obama, é obrigado a afetar otimismo ante qualquer leve sinal de recuperação, mas todos sabem que estes são frágeis e dificilmente resistirão ao agravamento já quase certo da crise europeia.
Do outro lado do mundo, o altermundialismo também está em crise. “Outro mundo é possível”, insiste o lema do Foro Social, mas qual é o desejável? Doze anos não bastaram para um princípio de acordo. ONGs, partidos políticos e movimentos informais têm visões diferentes de como criar opções.
Em Porto Alegre, a estrela é Dilma Rousseff, que este ano preferiu não ir a Davos e tem avanços sociais inegáveis a exibir, mas mesmo assim está longe de agradar a todos. A reunião com movimentos sociais lhe cobrou, entre outras coisas, por danos ambientais como os causados pelas hidrelétricas da Amazônia. Qual mundo possível se deseja, aquele em que a natureza é intocada ou aquele em que as massas do Sul saem da pobreza?
Desde 1987, quando tomou o caráter de principal encontro público anual entre as elites políticas, financeiras e empresariais de todo o mundo, o Foro Econômico Mundial reúne-se pela 25ª vez em Davos, na Suíça. E pela 12ª vez, a contar de 2001, é acompanhado pela reunião do Foro Social Mundial no Hemisfério Sul e mais uma vez no seu berço, em Porto Alegre.
Desta vez, ambos parecem um tanto mais perdidos que o usual. Em Davos, governantes, banqueiros e grandes empresários tentam disfarçar o fiasco do projeto neoliberal e sua incapacidade de se entenderem para formular uma maneira de tirar o Hemisfério Norte da rota de uma concordata mútua, geral e irrestrita para a qual caminham EUA, União Europeia, Japão e agregados. E os 99% que a crise deixa sem perspectivas mostram cada vez menos paciência para com a arrogante incompetência do 1%, ou menos, que os dirige.
A estrela dessa reunião é Angela Merkel. E tudo que tem a dizer é que a Grécia provavelmente vai quebrar, mas a Alemanha nada mais oferece nem acredita em aumentar os fundos de resgate, embora continue a cobrar das nações europeias que entreguem o controle dos seus gastos à União Europeia – quer dizer, aos técnicos escolhidos pela Alemanha. Um balde de água fria nas esperanças da elite de ver uma luz no fim do túnel. O governo dos EUA, em campanha para reeleger Barack Obama, é obrigado a afetar otimismo ante qualquer leve sinal de recuperação, mas todos sabem que estes são frágeis e dificilmente resistirão ao agravamento já quase certo da crise europeia.
Do outro lado do mundo, o altermundialismo também está em crise. “Outro mundo é possível”, insiste o lema do Foro Social, mas qual é o desejável? Doze anos não bastaram para um princípio de acordo. ONGs, partidos políticos e movimentos informais têm visões diferentes de como criar opções.
Em Porto Alegre, a estrela é Dilma Rousseff, que este ano preferiu não ir a Davos e tem avanços sociais inegáveis a exibir, mas mesmo assim está longe de agradar a todos. A reunião com movimentos sociais lhe cobrou, entre outras coisas, por danos ambientais como os causados pelas hidrelétricas da Amazônia. Qual mundo possível se deseja, aquele em que a natureza é intocada ou aquele em que as massas do Sul saem da pobreza?
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