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“O Brasil está na gaveta desde 1822”, diz ministro de Bolsonaro

Após ter chilique com Eduardo Bolsonaro nos EUA, Ernesto Araújo capricha na frase de efeito

Marcelo Camargo /Agência Brasil
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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta quarta-feira 20 que o Brasil estava na gaveta desde 1822 e que o governo do presidente Jair Bolsonaro tenta finalmente mudar o cenário. “Tem muitas ideias que estavam na gaveta e não eram utilizadas”, afirmou.

O ministro referiu-se, especificamente, à decisão de permitir que os EUA lancem satélites da base de Alcântara, no Maranhão. Foi algo anunciada na viagem da comitiva do governo ao país norte-americano. “Este acordo finalmente aproveitará a maior base de lançamento de satélite do mundo, que é um dos grandes tiros no pé que o Brasil vinha dando por antiamericanismo.”

O ministro deu uma entrevista coletiva para fazer um balanço sobre a visita presidencial aos EUA. Bolsonaro e Trump se encontraram nesta terça-feira 19, na Casa Branca. Os líderes conversaram, entre outros assuntos, sobre a entrada do Brasil na OCDE e a situação na Venezuela.

Eduardo com o pai Jair (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agencia Brasil)

Ernesto Araújo não comentou a rusga que teve com o deputado federal Eduardo Bolsonaro durante a viagem. O ministro não foi escalado para a reunião entre os presidentes no Salão Oval da Casa Branca, mas o filho de Jair esteve lá. A justificativa de Bolsonaro: o convite a Eduardo partiu do próprio Trump, que “valoriza relações familiares”.

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Ernesto não reagiu bem à decisão e teve um momento de ira na frente de outros ministros. Segundo a Folha de S.Paulo, a percepção geral é de que ele às vezes tem um comportamento instável. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou acalmá-lo.

As decisões tomadas na viagem seguirão para o Congresso brasileiro para votação.

Globalização

Outro ponto tocado por Ernesto na entrevista coletiva foi a sua crítica ao o que ele chama de “globalismo”. Segundo o ministro, esse fenômeno é uma ideologia e um sistema perverso para o ser humano. “Esse gigante acordou para fazer certas coisas e recuperar valores do ser humano. Estamos nos unindo com uma linha de pensamento que é muito forte, como é o caso do presidente Trump.”

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No seu discurso de posse, em janeiro deste ano, Ernesto havia afirmado que sua gestão iria mostrar que país não precisa se submeter ao globalismo para promover os negócios no exterior. O entendimento do chefe do Itamaraty continua o mesmo. Para ele, o problema é quando a globalização é capturada por ideologia. “A ideia liberal levada para outros perfis que não falem sobre antinacionalismo, politicamente correto e ideologia de gênero é positiva. Precisamos libertar a globalização desse tipo de ideologia”, disse.

Venezuela

O autodeclarado venezuelano Juan Guaidó (Fotos: AFP)

Sobre o vizinho em crise, o ministro afirmou que há um consenso entre os países e que eles precisam agir. Afirmou que o Brasil não aceita o que está acontecendo, mas desconversou sobre uma possível invasão militar. “O Brasil tem capacidade de atuação sobretudo diplomática. Vamos utilizar isso ao máximo.”

Na coletiva de imprensa de Bolsonaro e Trump ocorrida ontem,  o líder americano, quando questionado sobre uma possível intervenção na Venezuela,  usou a resposta vaga – e abrangente – de sempre: “Todas as opções estão abertas.” O brasileiro, por sua vez, usou a falta de habilidade para responder e insinuar um plano em processo. “Há certas questões que, se você divulgar, deixam de ser estratégicas”, disse Bolsonaro. E seguiu com algo para colocar a tropa da fronteira em posição de sentido: “Tudo que for definido aqui será honrado.”

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