A sétima de dez filhos do artesão de selas e arreios de couro Antônio Evangelista de Sousa e de Enedina de Sousa Carvalho, Luiza Erundina começou a trabalhar ainda na infância, vendendo bolos feitos pela mãe em Uiraúna, no Sertão da Paraíba. Graduada em Serviço Social pela UFPB e militante das Ligas Camponesas, migrou para São Paulo em 1971, unindo-se ao movimento de resistência à ditadura. Em 1980, participou da fundação do PT, dando início a uma longa trajetória política. Pelo partido, elegeu-se vereadora, deputada constituinte e prefeita da capital paulista, primeira mulher a governar a cidade mais rica da América Latina.
Aos 88 anos, Erundina cumpre o sexto mandato como deputada federal. Filiada ao PSOL, participou ativamente da campanha pela eleição de Lula, mas se declara preocupada com o futuro da nova gestão. Teme que o antigo parceiro de lutas insista em construir a governabilidade apenas por meio de negociações – e “concessões inaceitáveis” – com o Legislativo, sem mobilizar o povo para defender o programa que o elegeu nas ruas. “Foi vexaminoso ver Arthur Lira reeleito presidente da Câmara com recorde de votos e apoio do Executivo. Ouso dizer que ele prejudicou mais o País que o próprio Bolsonaro”, lamenta, ao comentar a insólita aliança com o parlamentar que arquivou mais de cem pedidos de impeachment contra o ex-capitão. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida a CartaCapital, na qual alerta Lula sobre os erros cometidos pelo PT no passado, analisa a emergência da extrema-direita no vácuo deixado pelas esquerdas nas periferias e aponta as carências de nossa “democracia manca”.
“Foi vexaminoso ver Arthur Lira reeleito presidente da Câmara com recorde de votos e apoio do Executivo”
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