Política
O aparato democrático foi rompido com a ‘Abin Paralela’, diz Randolfe Rodrigues
A Polícia Federal deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha, que apura o uso da Abin em um suposto esquema de monitoramento ilegal


O líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse nesta quinta-feira 11 o uso da Abin pra monitorar os opositores do governo de Jair Bolsonaro (PL), mostra que “o aparato democrático foi rompido” na gestão anterior.
As falas do senador são após a Polícia Federal deflagrar a quarta fase da Operação Última Milha, que apura o uso indevido da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, para um suposto esquema de monitoramento ilegal.
Entre as autoridades monitoradas estão o próprio senador Randolfe, que era vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Além de ministros do Supremo Tribunal Federal e jornalistas.
“A revelação do relatório só dá conta a democracia brasileira não esteve somente sob ameaça no período anterior, mas o aparato democrático foi rompido. O aparelho do estado foi usado para monitorar cidadãos e para tentar intimidar a oposição ao regime anterior“, disse.
Ainda segundo o senador, caso o governo tivesse continuado em um segundo mandato, representaria a ruptura em definitivo da democracia brasileira. “Enquanto brasileiros estavam morrendo, o governo se dedicava a usar o aparato da União contra os opositores e aqueles que defendiam a vacina”, afirmou.
A investigação da PF já identificou, entre outras, o monitoramento das seguinte pessoas:
- os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux;
- os deputados Arthur Lira, Rodrigo Maia (então presidente da Câmara), Kim Kataguiri e Joice Hasselmann;
- os senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues;
- o ex-governador de São Paulo João Doria;
- os jornalistas Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
A Polícia Federal cumpre, nesta fase, cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo.
São alvos dos mandados de prisão e de busca e apreensão:
- Mateus de Carvalho Sposito;
- Richards Dyer Pozzer;
- Rogério Beraldo de Almeida;
- Marcelo Araújo Bormevet;
- Giancarlo Gomes Rodrigues.
- José Matheus Sales Gomes;
- Daniel Ribeiro Lemos.
Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
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