Nunes faz novo aceno a bolsonaristas e diz que errou ao instituir passaporte da Covid-19 em SP

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) afirmou, na quinta-feira 19, que errou ao instituir o passaporte da vacina da Covid-19 durante a pandemia.

A postura negacionista coincide com a tentativa do político de atrair mais votos de eleitores bolsonaristas, inclinados, segundo pesquisas recentes, a votarem em Pablo Marçal (PRTB) mesmo com o apoio declarado de Jair Bolsonaro (PL) ao emedebista.

“Se fosse hoje, eu não teria feito o passaporte da vacina. A grandeza de um gestor também é isso, de reconhecer aquilo que, depois de ter alguns dados, cometeu algum erro. Hoje eu não faria o passaporte, então não tem mudança, a não ser o reconhecimento que eu não faria”, disse o prefeito durante uma agenda de campanha pela reeleição.

O emedebista se referiu à iniciativa, que entrou em vigor em janeiro de 2022, e exigia a apresentação do passaporte vacinal para a participação de eventos pela cidade.

A declaração acontece, ainda, três dias depois de o prefeito se dizer contra a obrigatoriedade da vacina. A declaração foi dada ao podcast do bolsonarista Paulo Figueiredo.

“Tenho muita tranquilidade, depois de toda experiência, e tenho humildade para te falar que hoje sou contra a questão da obrigatoriedade [da vacina]”, declarou Nunes, que considerou a medida ‘errada e equivocada’. Ele também criticou a decisão do então governador João Doria (PSDB) de fechar o comércio para evitar a circulação de pessoas e a disseminação do vírus. “Está provado que foi errado, até por conta do que está vindo agora de estudo”, disse.

As duas posturas coincidem com as posições negacionistas de Bolsonaro, apontado em investigações, como a CPI da Covid, como um dos principais responsáveis pelas mais de 700 mil mortes pela doença no País.

Debate

O tema voltou à baila no debate do SBT, Terra e rádio Nova Brasil promovido na manhã desta sexta-feira 20. No segundo bloco de interações, Guilherme Boulos (PSOL), principal adversário de Nunes de acordo com os levantamentos na cidade, criticou a mudança de postura.

“A vacinação foi tão importante na pandemia, e agora, para agradar aliados políticos, ele diz que não defende mais, fica mudando de posição na eleição”, afirmou Boulos ao perguntar diretamente a Nunes se ele defenderia vacinação obrigatória em nova pandemia.

“Sou eu o prefeito que tornou São Paulo a capital mundial da vacina. Falei que a gente precisa corrigir o que a gente erra, a questão do passaporte. Não precisa obrigar as pessoas, para ir numa igreja, ter que apresentar um passaporte, para ir num bar, num restaurante”, respondeu, então, Nunes.