Política

Novo vídeo de Lula aborda ‘dois lados’ da eleição: ‘Existe aquele que tira e o que reparte’

Peça é divulgada no mesmo fim de semana do evento de oficialização da pré-candidatura do petista à Presidência da República

Vídeo de Lula tem críticas a Bolsonaro nos temas economia, meio ambiente, gestão da pandemia, povos indígenas e democracia. Foto: Reprodução
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No mesmo fim de semana do lançamento oficial da sua pré-candidatura ao Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou um vídeo em que explora os “dois lados” da disputa eleitoral deste ano, com referências à sua rivalidade com o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A peça promocional, de cerca de um minuto e meio, começa com uma tela preta em que aparecem as palavras “Dois lados”. Na sequência, surgem imagens comparativas que fazem alusão às candidaturas de Lula e de Bolsonaro.

A primeira tela exibe, de um lado, um prato de comida vazio, e do outro, uma concha despejando feijão sobre um prato com arroz e um pedaço de carne.

“Existe aquele que abandona e aquele que acolhe”, diz a narração, atribuindo a primeira situação a Bolsonaro e a segunda a Lula, implicitamente.

Na sequência, aparece outra tela comparativa. De um lado, uma criança negra sem camisa pede ajuda a um motorista de automóvel no trânsito, mas é rejeitada. Do outro, uma criança negra na mesma situação recebe o que parece ser uma marmita.

“O que cruza os braços, e o que estende a mão”, prossegue a locução.

Essas duas primeiras imagens estão em consonância com a prioridade que Lula tem dado em seus discursos ao tema da crise econômica, como ocorreu no evento do sábado 7. Para observadores, o assunto é um dos pontos mais fracos de Bolsonaro, vide o aumento dos índices de fome e de encarecimento dos preços de itens básicos.

Na tela seguinte, o vídeo sugere uma crítica à gestão da pandemia.

De um lado, um homem aparece com uma expressão facial raivosa, enquanto do outro uma mulher veste uma máscara facial.

“O que maltrata e o que defende”, continua o texto.

A questão da Covid-19 está presente em mais duas comparações, com exibições de caixões, no lado atribuído a Bolsonaro, e de pessoas usando máscaras e uma criança indígena sorrindo, no lado atribuído a Lula.

No mesmo trecho, a peça inclui uma referência às políticas ambientais do governo federal.

“O que debocha, e o que ampara. O que mata, mata e desmata, e o que cuida, protege e salva”, afirma a voz ao fundo.

Os trechos posteriores fazem referência ao caráter autoritário do governo, segundo as acusações da campanha de Lula. No lado atribuído a Bolsonaro, aparecem pessoas com camisas verde e amarela agredindo um homem, enquanto no lado atribuído a Lula aparecem pessoas que parecem estar em um culto religioso.

“O da discórdia e o da união”, segue.

Depois, o lado atribuído a Bolsonaro exibe imagens de tanques de guerra do Exército nas ruas de Brasília, no dia da votação do Legislativo sobre a instituição do voto impresso, enquanto o lado atribuído a Lula mostra um trabalhador de aplicativos de entrega vestindo um capacete.

“O que quer guerra, e o que vai para a luta”, diz o texto.

Outro trecho faz referência direta aos direitos trabalhistas. No lado que faz referência a Bolsonaro, uma pessoa rasga uma carteira de trabalho, enquanto no lado dedicado a Lula uma pessoa doa um pedaço de pão.

“Aquele que tira, e o que reparte.”

Uma nova referência ao meio ambiente é feita quando uma pedra preciosa é colocada ao lado do planeta Terra, com os dizeres “O que é de poucos, e o que é de todos”.

Em seguida, a narração indaga: “Que Brasil você quer? O do ódio, ou o do amor?”, enquanto aparecem lado a lado duas pessoas fazendo gestos com as mãos, uma imitando com os dedos uma arma de fogo, e outra sinalizando a letra “L” de Lula.

Ao compartilhar a peça promocional no Twitter, o petista Fernando Haddad, pré-candidato a governador de São Paulo, escreveu: “Outra escolha difícil”.

Conforme mostrou CartaCapital, o comando da comunicação da campanha lulista estava vago desde abril, por conta da saída de Franklin Martins, ex-ministro das Comunicações de 2007 a 2010, devido a divergências sobre a contratação de uma agência publicitária.

Agora, há uma nova equipe à frente da campanha, que pertence ao publicitário Sidônio Palmeira, antigo colaborador do governo petista da Bahia. Com a chegada do profissional, o partido esperaria mais “emoção” nas peças promocionais (veja reportagem na íntegra: A causa de Lula).

https://twitter.com/LulaOficial/status/1523264117804576768

Veja entrevista com especialista em campanhas

Na sexta-feira 6, ao programa Direto da Redação, do canal de CartaCapital no YouTube, o especialista em estratégias de campanhas políticas Jairo Pimentel disse considerar que Lula deve ter melhores condições na propaganda eleitoral caso se dedique mais à questão econômica do que às chamadas pautas de “costume”.

“Na questão dos valores e costumes, o PT já perdeu. Não são temas que dê para defender, do ponto de vista do eleitorado brasileiro”, afirmou o analista. “O eleitorado brasileiro é conservador na pauta de costumes. Agora, a grande do vantagem do PT é que os brasileiros também são estatistas. Eles não querem um estado mínimo, querem um estado que esteja presente no dia a dia das pessoas para que se desenvolvam economicamente.”

Assista à entrevista na íntegra:

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