Política

Novo silêncio na CPI

Wladmir Garcez fala de sua relação com Cachoeira, mas não responde perguntas. Arapongas seguiram o exemplo de Cachoeira e ficaram calados.

Wladimir Henrique Garcez durante sessão da CPI. Foto: Agência Câmara
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A CPI do Cachoeira fecha seus trabalhos desta semana sem nenhuma resposta. Nesta quinta-feira 24, três integrantes do grupo criminoso formado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, repetiram a postura do bicheiro na terça-feira 22 e não responderam nenhuma pergunta feita pelos integrantes da comissão. Todos eles evocaram o artigo quinto da Constituição, garantidor do direito dos presos de permanecerem calados.

Wladmir Garcez (PSDB), ex-vereador de Goiânia envolvido com o grupo, foi o primeiro a não responder perguntas desta quinta. Ele se limitou a ler um texto preparado previamente. O ex-vereador confirmou que era contratado pela Delta Construções, suspeita de ligação com a organização investigada, e disse trabalhar como assessor do então diretor regional da companhia no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Por esse trabalho, o ex-vereador recebia R$ 20 mil. Garcez disse que nunca entregou dinheiro ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e que as gravações feitas pela Polícia Federal no inquérito são “montagens”.

Garcez também disse que recebia mensalmente de Carlinhos Cachoeira R$ 5 mil para assessorá-lo em sua empresa de medicamentos. O interesse tanto da Delta quanto de Cachoeira no trabalho do ex-vereador, segundo seu depoimento, ocorreu pela proximidade que ele tinha ou aparentava ter com autoridades políticas em todas as esferas. Essas relações, segundo Garcez, foram construídas durante o tempo que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Goiânia. “Para me ‘cacifar’ eu demonstrava ter mais poder, mais força”, contou o vereador.

Em seguida, o araponga e ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, mais conhecido como Dadá, também não respondeu perguntas. Dadá é considerado o braço-direito de Cachoeira. O araponga Jairo Martins de Souza foi o último a comparecer à sessão, que durou quase três horas.

Tensão entre parlamentares

Enquanto os acusados seguiam sem responder as perguntas, as discussões entre deputados e senadores, motivadas politicamente, se acumularam. O momento mais baixo ocorreu quando o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) insultou o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), pouco antes do final da sessão. Francischini acusou Cunha de proteger o PT e atacar o PSDB. “Quando o relator faz perguntas sobre a Delta nacional e o governo Agnelo [Queiroz, governador do Distrito Federal, do PT], ele é tchutchuca (sic). Quando pergunta sobre o governo [Marconi] Perillo [governador de Goiás, do PSDB], ele é tigrão.” A fala de Francischini causou confusão entre os parlamentares e a sessão foi encerrada em seguida.

CPI deve perder mais tempo

A CPI corre o risco de ter mais uma semana inútil. Na próxima terça-feira 29, ocorrerá o depoimento de Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste. Na quinta-feira 31, será a vez do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Ambos podem ficar calados se assim desejarem.

Somente na outra semana, já no mês de junho, acontecerão as próximas sessões administrativas. A continuidade dos trabalhos será determinada nessas reuniões, por meio de votações de novos pedidos de informação e convocações. É neste momento que Agnelo Queiroz, Marconi Perillo e o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), podem ser chamados a depor. Não há, entretanto, perspectiva de que a investigação se debruce sobre outros políticos envolvidos. O acordo feito entre congressistas da base e da oposição na semana anterior blindou os três governadores e os 5 deputados que tiveram alguma ligação com Cachoeira e a Delta na última semana. Também não há sinais de vontade política para investigar as relações entre a mídia e o bicheiro.

Congressistas como o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) falaram nessa semana da necessidade de investigar mais a fundo todos os documentos já em posse da CPI e não se focar nos depoimentos. Essa é a alternativa mais clara que apareceu até o momento para a comissão ter algum resultado.

A CPI do Cachoeira fecha seus trabalhos desta semana sem nenhuma resposta. Nesta quinta-feira 24, três integrantes do grupo criminoso formado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, repetiram a postura do bicheiro na terça-feira 22 e não responderam nenhuma pergunta feita pelos integrantes da comissão. Todos eles evocaram o artigo quinto da Constituição, garantidor do direito dos presos de permanecerem calados.

Wladmir Garcez (PSDB), ex-vereador de Goiânia envolvido com o grupo, foi o primeiro a não responder perguntas desta quinta. Ele se limitou a ler um texto preparado previamente. O ex-vereador confirmou que era contratado pela Delta Construções, suspeita de ligação com a organização investigada, e disse trabalhar como assessor do então diretor regional da companhia no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Por esse trabalho, o ex-vereador recebia R$ 20 mil. Garcez disse que nunca entregou dinheiro ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e que as gravações feitas pela Polícia Federal no inquérito são “montagens”.

Garcez também disse que recebia mensalmente de Carlinhos Cachoeira R$ 5 mil para assessorá-lo em sua empresa de medicamentos. O interesse tanto da Delta quanto de Cachoeira no trabalho do ex-vereador, segundo seu depoimento, ocorreu pela proximidade que ele tinha ou aparentava ter com autoridades políticas em todas as esferas. Essas relações, segundo Garcez, foram construídas durante o tempo que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Goiânia. “Para me ‘cacifar’ eu demonstrava ter mais poder, mais força”, contou o vereador.

Em seguida, o araponga e ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, mais conhecido como Dadá, também não respondeu perguntas. Dadá é considerado o braço-direito de Cachoeira. O araponga Jairo Martins de Souza foi o último a comparecer à sessão, que durou quase três horas.

Tensão entre parlamentares

Enquanto os acusados seguiam sem responder as perguntas, as discussões entre deputados e senadores, motivadas politicamente, se acumularam. O momento mais baixo ocorreu quando o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) insultou o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), pouco antes do final da sessão. Francischini acusou Cunha de proteger o PT e atacar o PSDB. “Quando o relator faz perguntas sobre a Delta nacional e o governo Agnelo [Queiroz, governador do Distrito Federal, do PT], ele é tchutchuca (sic). Quando pergunta sobre o governo [Marconi] Perillo [governador de Goiás, do PSDB], ele é tigrão.” A fala de Francischini causou confusão entre os parlamentares e a sessão foi encerrada em seguida.

CPI deve perder mais tempo

A CPI corre o risco de ter mais uma semana inútil. Na próxima terça-feira 29, ocorrerá o depoimento de Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste. Na quinta-feira 31, será a vez do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Ambos podem ficar calados se assim desejarem.

Somente na outra semana, já no mês de junho, acontecerão as próximas sessões administrativas. A continuidade dos trabalhos será determinada nessas reuniões, por meio de votações de novos pedidos de informação e convocações. É neste momento que Agnelo Queiroz, Marconi Perillo e o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), podem ser chamados a depor. Não há, entretanto, perspectiva de que a investigação se debruce sobre outros políticos envolvidos. O acordo feito entre congressistas da base e da oposição na semana anterior blindou os três governadores e os 5 deputados que tiveram alguma ligação com Cachoeira e a Delta na última semana. Também não há sinais de vontade política para investigar as relações entre a mídia e o bicheiro.

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