Política

Nordeste sustentável: Maranhão apresenta planos em “Diálogos Capitais”

Evento de CartaCapital sobre o Consórcio Nordeste discutiu as iniciativas de produção de energia limpa pelo governo de Flávio Dino

Evento de CartaCapital debateu oportunidades do Consórcio Nordeste e desafios no Maranhão. (Foto: CartaCapital)
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Os desafios do Consórcio Nordeste e a geração de oportunidades de investimento no estado do Maranhão viraram tema de debate no evento “Diálogos Capitais”, realizado por CartaCapital nesta sexta-feira 25 na capital São Luís. É a segunda edição do evento em 2019.

Após a mesa “Logísticas integradas: desafios e oportunidades”, a segunda discussão tratou do tema “Energias limpas: o Nordeste sustentável”. A conversa foi mediada pelo editor Carlos Drummond e pelo economista e conselheiro editorial Luiz Gonzaga Belluzzo. Eles receberam a participação do secretário de Indústria e Comércio do Maranhão, Simplício Araújo, e do diretor de Regulatório da empresa Eneva, Damian Popolo.

Simplício Araújo informou dados animadores sobre os investimentos portuários na região. Segundo ele, em 2015, primeiro ano de gestão do governador Flávio Dino (PCdoB-MA), o Porto do Itaqui apresentou lucro de 65 mil reais. Hoje, o número saltou para 40 milhões de reais de lucro. Para ele, esta é a primeira evidência de que o Estado maranhense está reconhecendo e investindo em sua vocação portuária.

O secretário informou que foram 235 milhões de toneladas de cargas movimentadas pela bacia de São Marcos em 2019. O governo estima que o número cresça, em 2020, para 256 milhões de toneladas. Só o Porto da Vale movimentou, em 2019, cerca de 180 milhões de toneladas de carga. O número do ano seguinte deve passar 220 milhões.

A reestruturação dos investimentos foi primordial para que, anos depois, o Estado pudesse apostar na produção energética sustentável. Foi preciso mudar o ambiente empresarial que se encontrava antes no Maranhão: segundo Araújo, gestões anteriores não tratavam com democracia os empreendedores da região. “O governo possuía o status de privilegiar alguns em detrimento de segmentos econômicos”, explicou.

Por isso, já em 2015, o governo maranhense adotou medidas para tornar os trâmites fiscais mais justos e eficientes. Com segurança jurídica, foi possível apostar no Complexo Portuário do Estado. Segundo o secretário, se a política do Maranhão não tivesse mudado em 2015, os investimentos de grandes grupos econômicos acabariam sendo aplicados em outras unidades da federação.

Araújo destacou que, agora, o Estado tem capacidade para apostar em suas vocações produtivas. “Somos um Estado do Nordeste que tem maravilhosas riquezas naturais”, afirma. Segundo ele, as terras do Maranhão têm áreas agricultáveis maiores e mais férteis, se comparadas às de siglas vizinhas. Além disso, há abundância de água em seis rios perenes e uma pluviometria favorável para o cultivo de grãos e para a fruticultura. O Estado, portanto, adotou um programa de trabalho para alavancar a produção de 11 cadeias produtivas.

Sobre a produção de energia limpa, o secretário informou que há empreendimentos em cidades como Suzano, Imperatriz, Açailândia, Coelho Neto, Campestre, entre outros municípios, que apostam na geração de biomassa. São empreendimentos que usam 160 mil hectares de cana-de-açúcar, plantados no próprio Estado, para produzir etanol. O bagaço da cana vira biomassa para fazer cogeração de energia.

Com o sol e o vento, o Maranhão pode explorar potencialidades na geração de energia renovável. Uma pesquisa da Universidade Federal da Bahia (UFBA), citada por Araújo, apresenta avanços na utilização de energia de maremotriz na ilha de São Luís. A energia solar é negócio para pequenos empreendedores que fazem cogeração e vendem o excedente para o sistema nacional elétrico. Além disso, em parceria com a empresa Eneva, foi possível dedicar a ordem de 9 bilhões de reais para a produção de gás natural.

Damian Popolo, diretor da Eneva, explicou que a empresa esteve com dificuldades financeiras no passado, no entanto, com as medidas fiscais do governo do Maranhão, houve segurança jurídica para aplicar investimentos e gerar resultados. Hoje, há um trabalho com desenvolvimento de fornecedores locais. Segundo ele, a companhia emprega cerca de 2 mil pessoas e 75% deste quadro de funcionários é formado por maranhenses.

As aplicações da Eneva, ele diz, possibilitaram a implantação de um modelo de geração termoelétrica a gás “imbatível”, que dá vantagens à empresa em leilões de energia.

“De todos os investimentos que estamos fazendo, o negócio de exploração e produção é extremamente arriscado. Na indústria de petróleo, você perfura dez poços de gás, petróleo, na esperança de achar alguma coisa em três. Cada furo custa cerca de 10 milhões de reais. Os três que deram certo têm que pagar os sete que deram errado e os próximos dez. Então, imagina: com esse risco industrial, você conseguiria operar com um risco institucional também? Impossível”, afirmou.

A transição energética é um projeto em curso da Eneva. A companhia administra atualmente uma usina térmica a carvão, no Porto do Itaqui, com as menores emissões de qualquer usina de carvão no Brasil, muito abaixo do limite permitido, diz Popolo. Mas a próxima empreitada é a energia solar: há dois projetos pilotos solares, de geração e distribuição. O diretor atua por uma regulação moderna do Estado para facilitar os negócios nesse setor.

“Se nós não tivéssemos encontrado a segurança jurídica que encontramos no Maranhão, não teríamos saído de uma recuperação judicial”, contou Popolo.

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