Política

No Ratinho, Lula defende legado, critica Bolsonaro e Ciro e faz apelo contra abstenção

O petista chamou o ex-capitão de ‘ignorante’; em relação a Ciro, disse que o adversário ‘está surtando’

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante entrevista ao Programa do Ratinho, no SBT. Foto: Lourival Ribeiro/SBT
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Em entrevista ao Programa do Ratinho, no SBT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou os adversários Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT) e fez um apelo para que os eleitores não se abstenham. Lula chamou de Bolsonaro de “ignorante” e de “chucro”, enquanto criticava a gestão do ex-capitão na crise da Covid-19.

“O que o Bolsonaro cometeu de errado? O Bolsonaro, você sabe que ele é meio ignorantão. Ele é bem chucro“, disse. “Ele poderia ter montado um comitê de crise, ele poderia ter ouvido o conselho mundial de saúde, ele poderia ter montado um conselho com os principais secretários de Saúde dos estados brasileiros e poderia ter comprado a vacina na hora certa. Ele ficou brincando.”

Lula lembrou ainda que o Brasil foi um dos primeiros países a receber ofertas de vacinas contra a Covid-19 e acusou Bolsonaro de não ter realizado a compra “porque não acreditava na vacina”.

Na sequência, fez uma comparação do presidente com o que chamou de “capiau”, referindo-se a moradores do interior do estado de São Paulo.

“Ele zombava da pandemia, ele brincava. É uma estupidez de alguém que é um pouco ignorante. É o que ele é mesmo, um pouco ignorante. Aquele jeitão bruto dele, aquele jeitão de capiau, sabe? Lá do interior de São Paulo“, declarou o ex-presidente.

Em relação a Ciro Gomes, Lula disse que o adversário “está surtando”. A crítica ocorreu quando o apresentador Ratinho afirmou que Ciro havia prometido “acabar com quem está devendo”, ao tratar sobre a alta da inflação.

“Eu vi. Eu acho que o Ciro está surtando”, afirmou. “Eu vi o Ciro falar para você aqui que a taxa de juros está muito alta. Ele foi ministro da Fazenda durante três meses. Você sabe qual era a taxa de juros quando ele foi ministro? 55%. Se ele tiver memória curta, é importante ele lembrar, ele era ministro.”

Ao apelar contra a abstenção na votação de 2 de outubro, Lula se dirigiu aos telespectadores: “Você que acha que vai se abster, que não gosta de ninguém, por favor, vá à urna e vote em quem você acreditar que vai consertar este País. Se você não for votar, não vai poder cobrar nada de ninguém. É importante que você assuma a responsabilidade. Esse Brasil será da qualidade que você quiser, do tamanho que você quiser, tão bom quanto você quiser”.

Lula também defendeu o legado do seu governo em diferentes aspectos que usualmente são levantados por Bolsonaro.

Na questão do financiamento de obras em outros países, como a Venezuela, Lula argumentou que a construção do metrô de Caracas havia sido iniciada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Alegou, ainda, que esse tipo de operação consiste na venda de tecnologia e mão de obra brasileiras, em contratos que obrigam o país que recebe a obra a contratar componentes do Estado que a financia.

Além disso, negou que tenha deixado de arcar com financiamentos no Brasil para privilegiar o exterior. O petista afirmou que, em seu governo, o País havia deixado o título de devedor do Fundo Monetário Internacional e passado a ser credor com reserva bilionária.

“Quando você está financiando uma obra lá fora, está financiando e exportando a sua engenharia”, afirmou Lula.

O ex-presidente voltou a prometer uma reunião com os 27 governadores na primeira semana de gestão, caso seja eleito, e disse que pretende elencar as três principais obras de cada estado.

Lula também criticou o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff e disse que uma das consequências do impeachment foi o desmanche das políticas da Petrobras, que, segundo ele, rumavam para o desenvolvimento de tecnologias a fim de que a estatal passasse a exportar derivados do petróleo, e não apenas óleo cru.

Em relação ao tema da fome, Lula prometeu novamente que as camadas mais populares terão acesso a carnes nobres, como a picanha, e enalteceu políticas de financiamento da sua gestão à agricultura familiar, o aumento anual do salário mínimo acima da inflação e o Bolsa Família.

Sobre o meio ambiente, Lula criticou as queimadas na Amazônia e disse que o Brasil pode enriquecer a partir de projetos de preservação, sem “plantar soja no Pantanal” e em demais áreas protegidas. O ex-presidente também defendeu a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e disse que a organização atualmente “está em outra”. Na ocasião, citou o trabalho em cooperativas e exaltou a produção de arroz orgânico.

Em determinado momento, o petista se declarou como um “cidadão de esquerda” e disse querer “construir um mundo mais harmonioso” entre patrões e empregados.

A entrevista ocorreu momentos após a divulgação da mais recente pesquisa Datafolha, em que Lula apareceu em uma oscilação positiva e marcou 47%, contra 33% de Bolsonaro. O petista não pretende comparecer ao debate presidencial no SBT marcado para o sábado 24, mas confirmou aparição na TV Globo na semana que vem.

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