No momento em que o País criticava a publicação do secretário de cultura, Roberto Alvim, que parafraseou frase do discurso nazista de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, o presidente Jair Bolsonaro ia às redes pela manhã desejando “Bom dia a Todos”, em um vídeo em que ele é filmado andando de jet ski. Às 10h13 da manhã, horário exato da publicação no Twitter, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já tinha se manifestado contra Alvim. “O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”, publicou às 9h16 desta sexta-feira 17.
– Bom dia a todos! pic.twitter.com/8kZXV2JzLr
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 17, 2020
À parte da polêmica, também se manteve o deputado federal Eduardo Bolsonaro que preferiu ir às redes para criticar Paulo Freire e enaltecer notícias positivas do governo, a partir de uma thread feita pelo assessor especial da Presidência, Arthur Weintraub, irmão de Abraham Weintraub, ministro da educação.
Você consegue enxergar nesta frase de Paulo Freira alguma similaridade com a forma de trabalho da esquerda? Algumas, muitas ou 100%? https://t.co/MKjg6xXAzD
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) January 17, 2020
Após a divulgação do vídeo de Alvim, o Palácio do Planalto anunciou a sua demissão nesta sexta-feira 17. O presidente ainda não comentou o afastamento.
No vídeo postado nas redes oficiais da Secretaria de Cultura, Alvim fala: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”.
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse o ministro de cultura e comunicação de Hitler em um pronunciamento para diretores de teatro, segundo o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich.
O discurso de Alvim veio acompanhado de um tom ameaçador junto de uma trilha sonora misteriosa. Atrás do secretário tinha uma foto de Jair Bolsonaro e ao seu lado uma bandeira do Brasil junto com uma cruz. A música de fundomveio da ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, uma obra que Hitler contou em sua autobiografia ter sido decisiva em sua vida.
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