Política

No 3º debate em menos de uma semana, candidatos adotam tom mais ameno; Marçal destoa

Encontro que reúne candidatos à prefeitura de São Paulo é promovido pelo ‘SBT’, pelo ‘Terra’ e pela rádio ‘Nova Brasil’

No 3º debate em menos de uma semana, candidatos adotam tom mais ameno; Marçal destoa
No 3º debate em menos de uma semana, candidatos adotam tom mais ameno; Marçal destoa
Foto: Divulgação/SBT
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Os principais candidatos e candidatas à prefeitura da cidade de São Paulo se encontraram nesta sexta-feira 20 pela terceira vez em menos de uma semana. O tom, desde o início, foi mais ameno que o dos encontros anteriores. Pablo Marçal (PRTB) destoou e foi o primeiro a subir a voz, embora de forma mais moderada que nas participações anteriores. Também participam Guilherme Boulos (Psol), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).

Em uma campanha que extrapolou os limites da cidade e ganhou o interesse de pessoas de todo o País, mais uma vez a dúvida era se haveria um debate propriamente dito ou troca de agressões. Logo na apresentação, o jornalista César Filho, moderador do encontro, destacou que o desrespeito às regras e à boa convivência poderiam levar a advertências, à retirada de candidatos e até mesmo à suspensão da transmissão.

“Em respeito aos nossos telespectadores, ouvintes e internautas; levando em consideração os episódios dos últimos debates, como agressões físicas e verbais; a utilização de palavras de baixo calão, e acusações desrespeitosas; se faz necessário lembrar que este é um espaço para o exercício da democracia e voltado para uma discussão civilizada, tendo como prioridade a população da cidade de São Paulo e propostas que viabilizem o desenvolvimento de todos os setores da sociedade”, afirmou, para constrangimento dos candidatos.

O andamento do primeiro bloco pode ter frustrado quem se ligou na transmissão em busca de cenas como as vistas nos encontros da TV Cultura e da RedeTV: houve um momento de troca de ideias sobre temas como violência contra a mulher e questões climáticas. Entretanto, demorou um pouco até a intervenção do candidato que, no fim, pautou a campanha: Pablo Marçal foi o penúltimo a responder (perguntado por Tabata Amaral, do PSB) e o último a perguntar.

Ao responder a questionamento de Tabata sobre o tema sorteado, educação, Marçal chegou a elogiar o programa Pé-de-Meia, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que oferece pagamentos em dinheiro para alunos de escolas públicas que mantém a frequência nas aulas no ensino médio enquanto citava supostos projetos para a área. Entretanto, mudou o tom na réplica.

“Eu quero pedir perdão para todo eleitor paulistano. A campanha começa para valer agora. A minha tentativa, até o último debate, foi expor o caráter de cada um. De alguém que precisa de internação psiquiátrica, outro que tem perfil ditatorial, outro que tem boletim de ocorrência de violência doméstica”, disse, sem citar nomes.

‘Joguinho combinado’

O segundo bloco do debate teve perguntas de jornalistas dos veículos organizadores do debate, com direito a comentários. Boulos foi consultado sobre como seria a relação com a Guarda Civil Municipal (GCM), com quem teve embates atuando como líder de movimentos de moradia.

Ao comentar, Marina Helena foi para cima do psolista com a repetição de discursos habituais da direita, como acusações de “apoio a bandidos”. O candidato evitou cair na provocação e garantiu que pretende reforçar o efetivo da guarda.

As discussões seguiram em tom ameno, o que foi destacado pelos próprios candidatos. “Eu acho que debate político é esse aqui mesmo. Tem que ter civilidade, tem que ter propostas, simples assim. O que passou, a Justiça resolve”, afirmou Datena, em referência à cadeirada.

“Eu estou achando muito curioso esse joguinho combinado em que todo mundo virou amiguinho. Tem algo por trás”, ironizou Tabata ao falar logo após menção elogiosa de Marçal às respostas da gestão Nunes à sequência de dias em que São Paulo teve a pior qualidade do ar entre as grandes cidades do mundo.

Agradecimentos por ‘manter o nível’

O terceiro e último bloco retomou as regras do primeiro, com perguntas entre os candidatos, com temas sorteados. Naquela que seria sua última oportunidade de fazer questionamento a um dos adversários, com o tema mobilidade urbana, Marçal preferiu se colocar como “o único candidato sem acesso ao fundo eleitoral”, e aproveitou para fazer uma dobradinha com Marina Helena. Ambos não foram interrompidos ou questionados pela moderação do debate.

Em um dos confrontos diretos entre os dois candidatos com maiores intenções de votos segundo as últimas pesquisas, Nunes perguntou a Boulos sobre propostas na área de zeladoria. O psolista afirmou que Nunes, atual prefeito, começou a cuidar da cidade apenas no período eleitoral.

“Fazer recapeamento é importante, tapa buraco é importante, mas isso tem que ser ao longo de todos os anos de gestão, não só na véspera da eleição. A cidade estava totalmente largada”, disse. O prefeito retrucou, dizendo que realiza obras desde 2021, quando assumiu o cargo após a morte do antecessor, Bruno Covas, de quem era vice.

Antes das considerações finais, sobrou tempo para Marçal, enquanto respondia a pergunta de Tabata, relembrasse o episódio da cadeirada.

“A gente não aguenta mais homens fracos que não conseguem combater ideias e partem para a agressão. Eu sou um símbolo de agressão de alguém que não consegue debater ideia e vai para cima. A culpa é minha? A culpa é da mulher que está usando saia curta? A culpa é sempre do agressor”, disse, se comparando a mulheres agredidas.

Após uma jornada de trabalho bem menos desgastante que a da colega Amanda Klein, da RedeTV, o moderador César Filho encerrou o debate celebrando a relativa tranquilidade. “Eu quero agradecer a cada um dos candidatos pela participação e também por manter o nível deste debate que termina agora”, disse.

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