Política

Nísia diz ter sido alvo de campanha misógina na Saúde: ‘Não devemos aceitar’

A ex-ministra deixou formalmente o cargo nesta segunda-feira 10, com a posse de Alexandre Padilha

Nísia diz ter sido alvo de campanha misógina na Saúde: ‘Não devemos aceitar’
Nísia diz ter sido alvo de campanha misógina na Saúde: ‘Não devemos aceitar’
Nísia Trindade e Lula, em 10 de janeiro de 2023. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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A agora ex-ministra da Saúde Nísia Trindade afirmou ter enfrentado uma “campanha sistemática” que buscava desvalorizar o seu trabalho e a sua capacidade no cargo, ao longo de dois anos. Ela se despediu formalmente da pasta nesta segunda-feira 10, com a posse de Alexandre Padilha.

Nísia disse ter encontrado um ministério “desmontado e desacreditado”, após os quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência. Segundo ela, a pasta havia perdido a autoridade de coordenação do Sistema Único de Saúde, o SUS.

“Durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade”, disse Nísia na cerimônia. “Não é possível e não devemos aceitar como natural comportamento político dessa natureza.”

Desde o primeiro ano de governo, o cargo de Nísia era cobiçado por lideranças do Centrão, de olho na capilaridade e no Orçamento da Saúde — eram mais de 218 bilhões de reais em 2024.

A ex-ministra declarou ser necessário construir uma nova forma de política, com base no respeito — em especial às mulheres — e no diálogo de propostas para melhorar a vida da população.

“É preciso destacar a recuperação da cobertura vacinal após os anos de negacionismo. O Brasil saiu da vergonhosa lista dos vinte países com mais crianças não vacinadas no mundo: em 2021, ocupava o sétimo lugar”, destacou.

Nísia Trindade é carioca e tem sua trajetória acadêmica em universidades públicas do Rio de Janeiro. Pesquisadora, foi a primeira mulher a comandar a Fundação Oswaldo Cruz, posto que ocupou entre 2017 e 2023.

É servidora da entidade desde 1987 e participou da elaboração do Museu da Vida. Mais tarde, ocupou o cargo de vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação. Em 2020, foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

Na gestão à frente da Fiocruz, destacou-se na pandemia, período em que a entidade virou uma das grandes referências no acompanhamento de casos, vacinação e estudos para a prevenção da Covid-19 — o Observatório da Covid produziu os principais boletins epidemiológicos do País. Foi uma das articuladoras da parceria com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford que possibilitou que os imunizantes fossem produzidos 100% em solo nacional.

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