‘Ninguém queria, mas quantos desaparecem no Rio?’, diz Bolsonaro sobre mortes de Dom e Bruno

'Eu já subi morro, já vi micro-ondas. O que tem de pedacinho de osso no chão

Foto: Reprodução

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na Amazônia, a desaparecimentos no Rio de Janeiro. Ele comentou o assunto durante contato com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira 1º.

Bruno e Dom foram vistos pela última vez no Vale do Javari, no Amazonas, em 5 de junho. Um dos principais suspeitos no desaparecimento, Amarildo Oliveira, o “Pelado”, confessou ter ajudado a ocultar os corpos. De acordo com um laudo da Polícia Federal, os dois foram mortos com tiros no tórax com munição típica de caça.

“Teve uma preocupação enorme com os dois que mataram covardemente lá na Amazônia. Logicamente ninguém queria isso aí. Agora, quantos desaparecem por dia em alguns morros do Rio de Janeiro?”, perguntou Bolsonaro a seus militantes. “Eu já subi morro, já vi micro-ondas. O que tem de pedacinho de osso no chão…”

Em 22 de julho, o juiz federal Adriano Verli, da Vara Federal Cível e Criminal de Tabatinga (AM), recebeu a denúncia do Ministério Público Federal contra três homens investigados pelos assassinatos de Bruno e Dom.

Os alvos da denúncia são Amarildo Oliveira; Oseney da Costa Oliveira, irmão de Amarildo e apelidado de “Dos Santos”; e Jefferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”.

Para o MPF, o que motivou o crime foi Bruno ter solicitado a Dom que registrasse imagens do barco de Amarildo para comprovar a pesca ilegal em território indígena. A motivação, considerada fútil, pode agravar a pena. Outro agravante apontado na denúncia é a impossibilidade de defesa de Bruno.


A morte de Dom, por sua vez, é indicada nos documentos como uma tentativa de “assegurar a impunidade do crime contra Bruno”. Nos autos, o MPF registra que o indigenista tinha desentendimentos prévios com Amarildo pela atividade ilegal do acusado.

Em seu despacho, o magistrado escreveu que “o caso é muito triste, trágico”, além de revelar “o grau de abandono dessa região ainda muito preservada e de valor ecológico e etnográfico inestimáveis”.

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