Neto de Brizola diz que ‘falta humildade’ a Ciro Gomes

Ex-vereador do Rio de Janeiro disse que Ciro 'nunca recua de projeto pessoal' e relembrou apoio do seu avô a Lula em 2002

O presidenciável Ciro Gomes. Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O ex-vereador do Rio de Janeiro Leonel Brizola Neto rechaçou declarações do presidenciável do PDT, Ciro Gomes, que continham críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em breve texto nas redes sociais, nesta quinta-feira 18, Brizola Neto disse que “falta humildade” a Ciro Gomes e sugeriu que o pré-candidato age com egocentrismo.

“Falta humildade ao Ciro. Candidato diversas vezes por diferentes partidos nunca recua do projeto pessoal! Se lhe favorece elogia, senão ataca! O EU é maior que a nação e o povo brasileiro, por isso meu avô pediu para ele retirar a candidatura em 2002 e apoiar Lula no primeiro turno”, escreveu Brizola Neto.

Ele comentava uma afirmação de Ciro Gomes à CNN Brasil em que atribuía a ascensão do presidente Jair Bolsonaro a Lula. A declaração foi reproduzida nas redes sociais.

“Considero que a tragédia Bolsonaro – sob o ponto de vista moral, político, ideológico, antidemocrático, genocida, corrupto – foi produto da tragédia econômica e moral da generalização da corrupção que o Lula impôs no Brasil”, afirmou o pedetista.


O ex-vereador é neto do fundador do PDT, Leonel Brizola, principal figura do partido de Ciro Gomes. Brizola Neto acaba de se filiar ao PT para disputar o cargo de deputado estadual em 2022, após passagens no PSOL e no PDT.

 

 

Apoio de Brizola a Lula motiva discussão entre netos

Não é a primeira vez que Leonel Brizola Neto relembra que o avô desembarcou da candidatura de Ciro Gomes em 2002. Em junho deste ano, o ex-vereador escreveu que “independentemente das divergências, em todos os momentos cruciais da política brasileira Leonel Brizola esteve com o Lula”.

A postagem, no entanto, gerou troca de farpas com outro neto de Brizola, Carlos Daudt, que tem maior parte de sua carreira política no PDT, mas já foi ministro do Trabalho da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Apoiador de Ciro Gomes, Carlos Daudt escreveu, em resposta a Leonel Brizola Neto, que seu avô “afirmava que Lula e o PT surgiram pelas mãos do General Golbery do Couto e Silva e das multinacionais do ABC paulista para servir ao imperialismo e impedir o trabalhismo de retomar a Presidência da República no final da ditadura militar”.

Na sequência, Leonel Brizola Neto rebateu: “Também lembro que meu avô foi candidato a vice presidente em 1998 e me lembro de você ter sido ministro do trabalho no governo do PT”.

Carlos Daudt, em seguida, justificou-se: “Dei minha contribuição como Ministro do Trabalho no primeiro mandato da Presidenta Dilma. Este foi o único período em que o Governo do PT tentou mudar a política econômica, Dilma tirou Meirelles da Presidência do Banco Central e fez os bancos públicos baixarem os juros no varejo”.


Outra neta de Brizola, Juliana, deputada estadual pelo PDT do Rio Grande do Sul, também se pronunciou: “Não é a 1° vez que o PT entra na família de Brizola. Agora distorce fatos. Em 2002, o apoio a Lula foi no 2° turno. O rompimento de Brizola com o lulopetismo foi programático, preferiram aos banqueiros. Anos no poder e não fizeram as verdadeiras e necessárias reformas”.

Conforme registrado pelo próprio PDT em seu site, Brizola havia anunciado apoio à candidatura de Lula às vésperas da eleição naquele ano.

Na época, ele havia tentado atrair Itamar Franco para o seu partido, a fim de que fosse lançado como candidato à Presidência. A ideia era que Franco saísse do PMDB e fosse o nome do PDT com Ciro Gomes como vice. Porém, a sua desfiliação do PMDB acabou não ocorrendo.

Conforme narra a legenda, Brizola, que rejeitava disputar o Palácio do Planalto de novo, decidiu, “sem opção”, apoiar o nome de Ciro Gomes para presidente e coordenou a sua campanha.

Com a possibilidade de que Lula ganhasse já no 1º turno, derrotando de uma vez José Serra (PSDB), Brizola sugeriu a Ciro Gomes que abrisse espaço ao petista, conta a sigla. Ciro Gomes, porém, não aceitou a sugestão, e a aliança entre eles foi rompida. A pedido de Lula, Brizola e o PDT deram apoio ao petista no 2º turno, com a intenção de “barrar o continuísmo” de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

No entanto, uma crise entre Lula e Brizola surgiu logo nos primeiros meses de mandato do petista, quando o governo passou a nomear políticos criticados pelo líder do PDT. Brizola e o seu partido, então, deixaram a base do governo em dezembro de 2003.

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