Política

Nas capitais, candidatos da máquina pública não emplacam

A desilusão do eleitorado com os políticos e as novas regras eleitorais minam a vantagem de prefeitos em reeleição e apadrinhados

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Controlar a máquina pública parece não ser um bom negócio nas eleições de 2016. Nas capitais mais populosas do País, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, candidatos à reeleição e apadrinhados com a benção de prefeitos em exercício apresentam pífio desempenho nas pesquisas, e correm o risco de nem sequer chegar ao segundo turno.

Para Carlos Ranulfo, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o resultado reflete a pouca disposição da classe política em atender ao desejo de renovação surgido em junho de 2013. “Desde então, há um desgaste generalizado, e são raros os políticos bem avaliados. Entramos numa vala comum”.

Essa vala está tragando candidaturas em cidades expressivas. É o caso do petista Fernando Haddad em São Paulo, que figura entre terceiro e quarto colocado nas pesquisas de intenção de voto. Também na disputa pela reeleição, Geraldo Júlio, do PSB, figura em segundo lugar nas preferências do eleitorado no Recife, atrás de João Paulo (PT).

Em outras capitais, prefeitos reeleitos no primeiro turno de 2012 penam para emplacar sucessores. No Rio de Janeiro, o peemedebista Eduardo Paes lançou a candidatura de seu ex-secretário Pedro Paulo Carvalho, mas ele não agradou o eleitorado e está distante dos primeiros colocados.

Reeleito com folga em Porto Alegre há quatro anos, José Fortunati (PDT) vê o seu vice, Sebastião Melo (PMDB), amargar o quarto lugar das pesquisas. Em Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), também reeleito no primeiro turno em 2012, assiste à estagnação de seu candidato, Délio Malheiros (PSD), na casa dos 4% das intenções de voto.

Os mesmos de sempre
O cientista político Humberto Dantas, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP), pondera que os candidatos da situação sofrem com os impactos negativos da crise econômica, que reduziu a capacidade de arrecadação dos municípios para investimentos. Outra dificuldade são as novas regras eleitorais, com redução do tempo de campanha de 90 para 45 dias, proibição de doações de empresas e limitação da propaganda nas ruas. “É uma campanha muito nova.”

O principal problema, contudo, é a falta de renovação do quadro político, um desejo manifestado pelas ruas desde 2013. “Os partidos não apostaram em novidades”, diz Dantas. Além disso, a crise política nacional contribuiu para desviar a atenção.  “Por um lado, o País estava de olho no impeachment. Por outro, o eleitor está mais refratário à política”.

 

Para Ranulfo, a crise política nacional pode ser intensificada pelo baixo engajamento do eleitorado no pleito do próximo mês. O professor da UFMG sugere que o desencanto do eleitorado em participar da eleição vai impor a reforma política ao Congresso. “Ninguém festejou o impeachment da Dilma, o que há é um crescente Fora Temer”, observa.

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