Política

Narrativa bolsonarista sobre ataques golpistas não se sustenta, diz Tarcísio Motta

Para o deputado do PSOL, Bolsonaro é o autor intelectual evidente dos atos de 8 de janeiro

O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ). Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) afirmou que há evidências de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja o “autor intelectual” dos ataques de 8 de janeiro, que serão investigados por uma comissão mista de parlamentares no Congresso Nacional. Para Motta, a base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá focar na apuração dos dirigentes dos atos, dos financiadores e do “autor intelectual”.

As declarações ocorreram durante entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 28. O parlamentar disputa a indicação do partido para integrar a CPMI. A expectativa é de que o PSOL defina os critérios para a indicação na próxima terça-feira 2.

“Uma atitude como essa, que foi uma atitude política coletiva, a partir de um movimento que a gente define há um bom tempo como bolsonarismo, tem um autor intelectual evidente: Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.

Motta argumenta que houve recorrência de Bolsonaro em questionamentos ao sistema eleitoral e declarações que atentaram contra as instituições democráticas, como em um protesto do Dia da Independência, no qual disse que não seguiria ordens do Supremo Tribunal Federal. Além disso, Motta menciona a existência de uma “minuta do golpe”, que era de conhecimento do ex-presidente e de aliados.

“Bolsonaro era presidente da República e tinha responsabilidades pelo cargo que ocupava. Responsabilidades são cobradas na medida em que você usa, de forma indevida, o cargo que ocupa. Bolsonaro passou quatro anos atiçando a sua base, elogiando a ditadura e torturadores. Havia uma minuta do golpe”, afirmou.

Para o deputado do PSOL, Lula errou ao tentar desmobilizar a CPMI dos atos golpistas. O PSOL já havia solicitado a abertura de uma CPI para investigar os atos terroristas, já no mês de janeiro.

Enquanto isso, conforme mostrou CartaCapital, o PT agiu para retirar assinaturas para o requerimento de abertura das investigações. O governo só passou a apoiar a instauração do inquérito após o flagrante sobre o ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional, em contato com os invasores no dia dos ataques.

Motta também considerou um erro a própria atitude de Gonçalves Dias durante os atos. Porém, segundo ele, a tarefa da CPMI deve ser a identificação dos responsáveis pela articulação dos ataques.

“Os bolsonaristas promoveram a tentativa de golpe, mas, quando viram que deu errado, resolveram tergiversar e direcionar para o governo e a esquerda a culpa de algo que eles fizeram. É uma narrativa que não se sustenta com o mínimo de análise”, declarou Motta. “Nossa investigação é sobre o golpe e os golpistas, não sobre o G. Dias.”

A entrevista está disponível na íntegra no YouTube.

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