Política
‘Não tenho nenhum tipo de preconceito’
O vereador paulistano diz que o alvo do projeto é “qualquer tipo de aglomeração em que prevalece a droga e a arma”
Por Marcelo Pellegrini e Paloma Rodrigues
Confira abaixo a entrevista concedida a CartaCapital pelo vereador Conte Lopes sobre seu .
CartaCapital: O que o motivou a fazer esse projeto?
Conte Lopes: Foi a procura das pessoas, principalmente da periferia de São Paulo, dizendo que não conseguem dormir e no dia seguinte precisam trabalhar. Hoje em dia, qualquer um se julga no direito de ficar com o som muito alto, parado na rua. Ali você tem drogas, confusões. Eles param o carro nas calçadas e as pessoas não conseguem entrar nem sair de casa, às vezes os ônibus não conseguem chegar.
CC: Por que o senhor especifica o funk no projeto de lei? Isso foi visto como preconceituoso por pessoas ligadas ao funk, já que, na prática, todo ritmo musical está proibido de ser tocado em vias públicas a menos que tenha uma autorização prévia.
CL: Não é o funk. É tudo, mas o que mais chega para mim, tanto na Câmara quanto no meu programa de rádio, são reclamações sobre esses bailes funks e pancadões, foi por esse motivo que eu coloquei isso no título.
CC: Mas isso não vale para todos os outros ritmos e estilos?
CL: Sim, é claro. Se for sertanejo também não pode, samba também não. São bailes funks, mas na verdade é qualquer tipo de aglomeração em que prevalece a droga e a arma. Foi só a maneira que eu coloquei lá, porque é como as pessoas se queixam pra mim. Elas se queixam dos bailes funks e os chamados “pancadões”, então foi a maneira como eu coloquei lá.
CC: Na sua justificativa o senhor diz que os participantes do baile “estão sempre portando armas de fogo, enfrentam os cidadãos que tentam reclamar do que fazem”. Isso foi visto como uma generalização preconceituosa. Com base em que o senhor faz essa generalização?
CL: O problema não é o estilo funk, mas que esses movimentos são normalmente na periferia e ligados ao tráfico de drogas. As pessoas se sentem ameaçadas. Idosos e crianças não conseguem dormir, as pessoas não conseguem trabalhar no dia seguinte. Quando eles tentam reclamar, eles são ameaçados. Inclusive ontem, no meu programa de rádio, chegou uma reclamação sobre os pancadões na zona norte. Foi por isso que eu resolvi fazer esse projeto, pra que esse tipo de evento não aconteça assim, precise receber uma autorização. Não tem nenhum tipo de preconceito.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.


