Eles são evangélicos, mas não defendem a posse de armas, tampouco impulsionam a intolerância religiosa e o preconceito contra outros grupos sociais. Os fiéis progressistas não integram a bancada da Bíblia, hoje com 181 deputados e oito senadores, integrada, sobretudo, por homens brancos, ricos e reacionários. Vindos, em sua maioria, das periferias e ligados a movimentos sociais de base, os candidatos cristãos filiados aos partidos de oposição, como PT, PSOL, PCdoB e PSB, têm nestas eleições o desafio de furar o bloqueio fundamentalista nos templos e disputar um eleitorado decisivo para a definir o pleito.
Os evangélicos representam cerca de 30% do eleitorado e Jair Bolsonaro conta com o respaldo de Silas Malafaia, Edir Macedo e outros pastores midiáticos na desonesta tática de demonizar os adversários políticos. Por isso, tem sido cada mais difícil afastar a preconceituosa visão de que os fiéis constituem um bloco monolítico, absolutamente coeso na ideologia e na visão de mundo. “Existe uma expressiva parcela evangélica que entende o contexto social, que luta por justiça social, contra a desigualdade e contra a fome”, observa Ailce Moreira, candidata a deputada estadual em Pernambuco pelo PSOL. “Jesus pregou o amor, a justiça, a dignidade humana. Quando vemos os vendilhões do templo falando tanto em dinheiro, em violência, em posse de armas, isso contradiz os ensinamentos bíblicos.”
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